Dilceu Sperafico, deputado federal pelo Paraná

A evolução e os resultados da suinocultura de corte e da produção da carne suína e derivados, são legados importantes da colonização do Sul do País, pois trouxeram grandes benefícios para produtores e consumidores.

Na verdade, a tradição de criar suínos em pequenas propriedades, muitas vezes tratados com restos de alimentos de humanos, para abate próprio e produção de banha, torresmo, linguiça e morcilha, além de cortes de carnes tradicionais, chegou ao País com imigrantes europeus.

Graças ao clima favorável, fertilidade do solo e amplo mercado para os produtos, a suinocultura vem se expandindo, crescendo e evoluindo muito nos Estados do Sul, há mais de um século.

Prova disso é a importância da atividade para o Oeste e Sudoeste do Paraná, após consolidação de criações trazidas pelos colonizadores gaúchos e catarinenses, seguidas de grandes unidades industriais de transformação de carne suína, para o abastecimento dos grandes centros urbanos do Brasil e exportações para dezenas de países do mundo inteiro.

Para levar adiante esse processo, indústrias dos três Estados apostam em novas unidades de abate e novos produtos derivados da carne suína, para atender as demandas e exigências do mercado consumidor globalizado.

No interior do Rio Grande do Sul, por exemplo, cooperativas  apostam na diversificação de embutidos de carne suína para enfrentar a crise, crescer no mercado, gerar emprego e renda e garantir o desenvolvimento do agronegócio.

É o caso da Cooperativa Regional Sananduva, da cidade de Sananduva, do Norte do Estado, cujos produtores associados começaram a criar suínos na década de 1930, especialmente para a produção de banha, pois a carne e derivados eram os menos importantes.

Em menos de 90 anos, a carne suína se tornou base para mais de 100 produtos no portfólio da cooperativa, cujo frigorífico é mais antigo do que o próprio município, oferecendo produtos embutidos, verdadeiros símbolos da tradição e da cultura de imigrantes italianos.

Entre esses produtos estão o salame tipo italiano, copa, salaminho, defumados, linguiça, codeguim (espécie de salame cozido) e carne in natura, incluindo cortes especiais como o lombo e a picanha suína.

Se a cooperativa gaúcha, que abate 800 suínos por dia, produzindo cerca de 20 mil toneladas anuais de carne suína e derivados, destinadas aos mercados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, não é difícil vislumbrar o potencial da atividade no Oeste do Paraná, onde o setor é muito mais expressivo.

Somente o frigorífico da Brazil Foods (BRF), sediado em Toledo, por exemplo, abate mais de sete mil suínos e produz mais de mil toneladas de carne suína e derivados por dia, com exportação de quase duas mil toneladas mensais para países de diversos continentes.

Os empregos diretos gerados na unidade somam mais seis mil e os criadores de suínos integrados são mais de 700 na região, dos quais cerca de 350 do município de Toledo, o que dá a dimensão da atividade para a economia local e regional.

Na região, como se sabe, há diversos outros frigoríficos de suínos, na sua maioria pertencente às cooperativas, que abatem no conjunto mais de um milhão de suínos por dia, além de unidades projetadas com capacidade ainda maior.

É o caso de frigorífico previsto para Assis Chateaubriand, com capacidade para abater até 15 mil suínos por dia, para a produção de carnes e derivados para o mercado interno e exportações.