Na região metropolitana de Porto Alegre, onde a concentração urbana é intensa e onde se situação do mercado consumidor de todo o Estado, o novo coronavírus (Covid-19) está promovendo, gradativamente, uma alteração nas relações de mercado entre agricultores e consumidores. A cada dia associações, cooperativas e produtores têm usado as redes sociais para disponibilizarem seus contatos telefônicos a fim de garantir o abastecimento das famílias sem que estas tenham que sair de suas casas. A Emater/RS-Ascar e a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) montaram uma estratégia junto as famílias que são assessoradas durante todo o ano para ver se estas poderiam disponibilizar seus contatos diretos aos consumidores para que eles pudessem fazer pedidos e, desta forma, surgiu uma alternativa de escoamento da produção no Estado.

Este é o caso de cinco agricultores de Sapiranga que estão, atualmente, com um grupo no whatsapp que reúne mais de 100 pessoas. Segundo o extensionista da Emater/RS-Ascar no município, Mateus Mello, após o primeiro caso identificado de Covid-19, em que o prefeito passou de um decreto de estado de emergência para calamidade pública, a feira teve que ser fechada, e foi aí que os agricultores propuseram a venda direta aos consumidores.

A produtora Angela Dias Stumpf conta que propôs a sua cunhada, que entrega laticínios, para entregar com ela os produtos a domicílio em função do coronavírus. Ela sugeriu outra produtora para integrar um grupo de whatsapp e, em dois dias, são mais de 100 pessoas fazendo parte. Ao todo são cinco fornecedores no grupo e os outros são clientes que receberão suas encomendas fresquinhas na sexta-feira (27/03). “O problema, ou melhor, a solução é que as verduras acabaram e tivemos que ir incluindo os produtos dos nossos vizinhos”, explica.

Angela diz que, apesar da preocupação com a logística de entrega, eles já estão recebendo elogios e estão muito felizes por poderem fazer com que o alimento chegue aos clientes que não querem sair de casa. A produtora, que também é presidente da Associação de Mulheres Rurais Koloniegeschmack, comenta ainda que a Emater/RS-Ascar tem ajudado muito eles, sugerindo e apontando outros produtores que têm potencial de fornecimento para se integrarem ao grupo, além de darem todo o suporte no que se refere ao repasse de orientações para diminuir o risco de contágio no manuseio e transporte.

Outro caso é da produtora Mara Konrad, que já fazia delivery e agora registra a ampliação de quase o dobro de clientes querendo produtos, muito em função de que as famílias estão em casa preparando os alimentos.

Melo ressalta que a Emater, desde o primeiro momento, está orientando os produtores para os cuidados relativos a biossegurança em função do Covid-19, que devem ser observados com os perecíveis, em todo o processo de logística, e também repassando os decretos e convidando-os a refletirem a melhor forma de escoarem suas produções com segurança para todos. As agroindústrias também estão ofertando seus produtos diretamente aos consumidores.

Em Charqueadas, o extensionista Márcio Berbiger explica que a Emater/RS-Ascar fez um levantamento com feirantes e produtores que entregam para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que beneficia 200 famílias. Conforme ele, a Emater organizou uma lista com produtores disponíveis para fazer televenda e divulgou nas redes sociais, e a aceitação foi muita boa pela comunidade. “Os produtores estão recebendo muitas ligações, recebem os pedidos durante a semana e em um dia marcado ocorrem as entregas. E não paramos por aí, estamos em contato direto com eles para ver como as coisas vão indo e reavaliando a todo momento as estratégias de escoamento da produção, uma vez que as feiras e entregas ao PAA estão suspensas naquele município”, avalia

Já em Viamão, os extensionistas da Emater/RS-Ascar e o presidente da Cooperativa de Pequenos Agricultores de Viamão (Concavi), preocupados com as perdas que as mais de 100 famílias de agricultores integrantes vinham tendo já com a estiagem e em função da pandemia, montaram uma estratégia de comercialização direta com o consumidor, utilizando uma ferramenta on-line de pedidos. As encomendas foram informadas ao público a partir de terça-feira e nesta quinta já contabilizavam 60 pedidos de alimentos coloniais e 12 de alimentos com certificação orgânica.

Em Rolante também não foi diferente, com o decreto os produtores fizeram propagandas virtuais e estão utilizando as redes sociais como uma nova forma de garantir que a comida chegue aos consumidores que não querem sair de casa.

Fonte: Emater/RS