Na semana que passou, aconteceu em Florianópolis uma reunião com entidades do agronegócio de SC, oportunidade em que o Canal Rural apresentou os resultados do Fórum Mais Milho realizado em fevereiro último durante o Tecnoeste em Concórdia.

A reunião, que contou com a presença dos quatro órgãos que patrocinaram o evento em SC – Ocesc, Faesc, Fecoagro, Sindicarne – além da Secretaria da Agricultura, mostrou a repercussão em nível nacional da promoção que teve transmissão ao vivo pelo Canal Rural, TV COOP e YouTube, e segundo os organizadores foi o de maior eficácia em termos de audiência e participação in loco, comparando com os outros dois já realizados em SC, em Florianópolis e Chapecó.

O que deu para sentir nas discussões entre os presentes foi que esse tipo de promoção tem ajudado a sensibilizar a cadeia do milho e das carnes, que há necessidade de se adotar alguma providência para a manutenção dessa atividade, especialmente em SC, pois a escassez do milho tem preocupado criadores e agroindústrias aqui instalados. Não apenas o preço tem provocado dor de cabeça afetando os custos de produção e, em consequência, o mercado final das carnes, mas também a insuficiência do produto para atender as demandas.

Nas entrelinhas da reunião, ficou claro que já há a sensibilidade por parte das agroindústrias que alguma coisa a mais precisa ser feita para suprir a falta do grão, sob pena de ver os parques agroindustriais se evadirem para o Centro Oeste ou outras regiões em que o milho tem melhor logística. Até mesmo aqueles que no ano passado ignoravam a necessidade de se implantar um programa de compras antecipadas, pagando preços justos ao produtor para incentivar o plantio, e que argumentavam que se faltar milho aqui traria do exterior, especialmente da Argentina e dos Estados Unidos com certa facilidade, mudaram o discurso diante das dificuldades burocráticas e de custos, e passaram a defender que precisa resolver o nosso problema, mesmo que parcial, por aqui.

Há certa consciência que o milho do Centro Oeste terá outros destinos, isto é, exportado pelo tal Programa Calha Norte de portos com custos de escoamento mais convidativos, e isso afetará a transferência aqui para a região Sul, que é a maior consumidora do produto. Foi estimulado ao Canal Rural a criar algum projeto de estímulo à produção de milho no Cone Sul para abastecer a nossa região, isto é, produzindo nos estados sul-brasileiros, mas também nos países do MERCOSUL, que estão mais próximos, como Paraguai, Uruguai e Argentina.

Outro ponto enfocado e que será objeto de análise de proposta de incentivo pelo canal de televisão será a diversificação de produtos para a formação das rações, evitando a necessidade de concentração do milho. Será incitada aos órgãos de pesquisa para mostrarem alternativas de grãos para a ração a fim de aproveitar outras épocas do ano para produção desse insumo destinado as criações de aves, suínos e gado de leite.

Embora pouco prestigiado no início está dando para sentir que água mole em pedra dura, tanto bate até que fura, pois não é de hoje que a Secretaria da Agricultura e as cooperativas estão tentando motivar que os consumidores de milho, especialmente as agroindústrias, analisem compras antecipadas de milho com preços compensadores para que o agricultor passe a plantar mais, em área e em tecnologia para obter maior produtividade na mesma área.

Pouca atenção se deu a isso sempre com a desculpa de que milho existe no Brasil e que de um jeito ou de outro atenderia as demandas. Agora sentiram que além da oneração do transporte, estamos correndo riscos de perder o produto para as exportações e assim parece que estão dispostos a incentivar a produção local e buscar alternativas. Melhor que seja assim, pois do contrário, muitas indústrias tendem a padecer e a cadeia de carnes em SC poderá se comprometer em futuro não tão distante. Pense nisso

Por Ivan Ramos, diretor-executivo da Fecoagro