Na última quinta-feira do mês de julho (29), a convite do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) participou do lançamento do Plano Integrado de Vigilância de Doença de Suínos. Apresentado de em formato online pela equipe técnica da pasta, o documento visa fortalecer a capacidade de detecção precoce de casos de Peste Suína Clássica (PSC), Peste Suína Africana (PSA) e a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS), bem como demonstrar a ausência das doenças em suínos domésticos.

O Brasil conta atualmente com um rebanho de mais de 40 milhões de suínos, e para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, que participou o lançamento do Plano, a iniciativa é uma forma de agir proativamente, buscando evitar a entrada das doenças no país. Lopes reforça ainda que o Plano Integrado de Vigilância de Doenças de Suínos foi desenvolvido pelo MAPA, mas conta a participação do Serviço Veterinário Oficial dos estados e também da iniciativa privada. “Os elos da cadeia produtiva devem estar envolvidos, pois é um compromisso de todos manter e melhorar a vigilância animal implantada no Brasil e proteger a suinocultura nacional.”

Ainda no lançamento do Plano, o diretor do Departamento de Saúde Animal, Geraldo Moraes, comentou sobre a confirmação da ocorrência de casos confirmados da PSA na República Dominicana, ingressando assim a doença nas Américas. Já o trabalho desenvolvido pelo MAPA, junto aos órgãos estaduais de Sanidade Agropecuária (OESA) e os setores privados da suinocultura reforçam ações que evitem o ingresso da PSA no Brasil e que possam mitigar os impactos econômicos e sociais no caso de introdução da doença. “A implantação e execução do Plano exige o compromisso, ações contínuas e conjuntas de responsabilidade dos setores público e privado”, disse Moraes.

O chefe da Divisão de Sanidade dos Suídeos do MAPA, Guilherme Takeda, explica que a suinocultura brasileira possui condição sanitária bastante favorável por ser considerada livre de doenças economicamente muito importantes que ocorrem em várias partes do mundo. “A manutenção desta condição sanitária no Brasil garante menores custos de produção e vantagem competitiva no acesso a mercados internacionais”, destacou

De acordo com o MAPA, o plano revisa a Norma Interna 05/2009 e a Norma Interna 03/2014, publicadas pelo Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária da Pasta, para a vigilância de PSC, ampliando o escopo de doenças-alvo para a PSA e a PRRS e redefinindo os componentes do sistema como vigilância sorológica baseada em risco, inspeções em estabelecimentos de criação, investigação dos casos suspeitos, inspeção em abatedouros e vigilância sorológica em suínos asselvajados.

Peste Suína Clássica

A PSC é uma doença que acomete suínos domésticos e asselvajados. É obrigatória a notificação imediata ao serviço veterinário oficial de qualquer caso suspeito. O vírus é encontrado nas secreções e excreções do animal infectado e pode ser transmitido pelas vias diretas (contato entre animais, aerossóis e suas secreções e excreções, sangue e sêmen) ou indiretas (água, alimentos, fômites, trânsito de pessoas, equipamentos, materiais, veículos, vestuários, produtos, alimentos de origem animal), entrando no organismo por via oral e oro-nasal.

A condição zoossanitária da doença no Brasil, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), é constituída por 16 estados divididos em três Zonas Livres. Já a zona não Livre (ZnL) é formada por Alagoas, Amapá, Amazonas (exceto região pertencente à ZL), Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Roraima. Atualmente cerca de 83% do rebanho suíno brasileiro encontram-se em zona livre (ZL) de PSC.

Peste Suína Africana

A PSA também é uma doença de notificação imediata ao serviço veterinário oficial de qualquer caso suspeito. A doença foi introduzida no Brasil em 1978 no estado do Rio de Janeiro. As investigações realizadas à época revelaram que os suínos do estabelecimento caracterizado como foco índice se infectaram pela ingestão de sobras de comida servida a bordo de aviões procedentes de Portugal e da Espanha, países onde se propagava a doença.

A última ocorrência de PSA no Brasil foi registrada no estado de Pernambuco, em novembro de 1981, e as medidas aplicadas pelo SVO brasileiro permitiram a erradicação da doença em todo o território e a declaração do Brasil como país livre de PSA em 1984. Desde 2018, a PSA ingressou e se dispersou amplamente nos continentes asiático e europeu. No dia 29 de julho de 2021, foi confirmada a ocorrência da PSA na República Dominicana, ingressando nas Américas.

Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos

A doença nunca foi registrada no Brasil. Dessa forma, qualquer caso suspeito é de notificação obrigatória e imediata ao serviço veterinário oficial. A PRRS causa alta mortalidade em suínos recém-nascidos e desmamados, baixa taxa de concepção em rebanhos de reprodutores, aumento na taxa de aborto, natimortos e nascimento de leitões fracos, acarretando enormes perdas econômicas aos produtores.

Pela experiência de países com suinocultura altamente especializada nas quais houve entrada da doença, foram notadas características muito preocupantes da PRRS, como alta taxa de difusão, falta de vacinas eficientes e incapacidade de medidas estritas de biosseguridade em evitar a infecção de granjas livres. O vírus da PRRS já foi identificado em importantes países produtores de suínos, sendo endêmico em vários deles.

Fonte: ABCS