Após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, 22 países impuseram pelo menos um tipo de restrição à compra de carne brasileira. Hoje, apenas 11 países ainda mantém alguma barreira ao produto brasileiro, mas este rápido recuo está associado, entre outros fatores, à atuação dos adidos agrícolas.

Os adidos agrícolas atuam junto às embaixadas em países chave para a expansão do mercado agropecuário brasileiro. “Eles são assessores técnicos do embaixador. Entre as funções está a de ser uma ponte entre as autoridades agropecuáris dos países e o mercado brasileiro”, afirma a coordenadora-geral de Atuação dos Adidos Agrícolas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Edilene Soares.

Hoje há adidos agrícolas na Rússia, Estados Unidos, China, União Europeia, Japão, África do Sul, Argentina e na Organização Mundial do Comércio. Os países são os maiores importadores de produtos agrícolas do mundo. “Além de ser a ponte entre a embaixada e as autoridades agropecuárias, os adidos representam os interesses do agronegócio brasileiro no mundo”, defende Edilene.

Em 2015 foi assinada uma portaria interministerial ampliando para 21 o número de países que contarão com a presença do adido agrícola. A portaria cria, também, a possiblidade de um mesmo adido representar mais de um país. Com isso, 72 países serão atendidos.

No caso da Carne Fraca, os adidos tiveram papel essencial prestação de informação de maneira ágil às autoridades dos países. “Os adidos já conhecem o mercado internacional em que atuam e como têm um canal de comunicação estabelecido com os atores envolvidos e com o Ministério da Agricultura, o repasse das informações e das medidas tomadas pelo ministério foram prontamente entregues às autoridades dos países envolvidos, de modo que as restrições puderam ser retiradas de maneira mais rápida”, conta a coordenadora.

O cargo foi criado em 2009 e antes disso, era realizado por servidores do Ministério das Relações Exteriores. “Não era o ideal porque estes profissionais não têm o conhecimento técnico agropecuário e isso tornava os processos mais difíceis”, conta Edilene. A portaria de 2015 determinou novos critérios para a efetivação do cargo, como a necessidade de ser servidor lotado no ministério, ter curso superior e ter domínio da língua inglesa. Até 2009, servidores das empresas ligadas ao ministério, como a Embrapa, poderiam ser adidos. Eles são nomeados para missões de dois anos renováveis por mais dois.

Além dos requisitos básicos, há um processo seletivo interno baseado em provas, que avaliam a capacidade dos servidores, e de análise curricular, um processo meritocrático. Os aprovados formam um quadro de acesso e passam por formação. O desempenho nessa formação garante pontuação que ajuda na classificação.

Os selecionados são profissionais com conhecimento do setor agropecuário capaz de compreender e elaborar argumentos técnicos para defender a qualidade dos produtos agropecuários brasileiros no exterior. Esse conhecimento faz parte da formação dos auditores fiscais federais agropecuários (AFFAs) e são necessários para superar as barreiras não tarifárias dos países importadores.

Quando surge uma vaga, uma lista tríplice é encaminhada para o ministro com os três melhores colocados em todo o processo que envolve, ainda, entrevista e análise curricular.

O objetivo do quadro de acesso é ter profissionais aptos para preenchimento de vagas a qualquer tempo. No momento, por exemplo, o cargo da China está vago por não haver ninguém apto para ocupa-lo.

O ministério está em processo seletivo para preencher o cargo vago e fazer a renovação dos adidos que são servidores de empresas ligadas ao MAPA que não poderão mais exercer o cargo por conta das novas exigências. No quadro formado, todos os inscritos aprovados são AFFAs.

Entre 2017 e 2020 serão nomeados 25 adidos para os 21 países que contarão com os profissionais. Até 2021 o processo de acumulação de representação estará concluído e, então, os 72 países serão cobertos.

Sobre os Auditores Fiscais Federais Agropecuários

O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) é a entidade representativa dos integrantes da carreira de Auditor Fiscal Federal Agropecuário. Os profissionais são engenheiros agrônomos, farmacêuticos, químicos, médicos veterinários e zootecnistas que exercem suas funções para garantir qualidade de vida, saúde e segurança alimentar para as famílias brasileiras. Atualmente existem 2,7 mil fiscais na ativa, que atuam nas áreas de auditoria e fiscalização, desde a fabricação de insumos, como vacinas, rações, sementes, fertilizantes, agrotóxicos etc., até o produto final, como sucos, refrigerantes, bebidas alcoólicas, produtos vegetais (arroz, feijão, óleos, azeites, etc.), laticínios, ovos, méis e carnes. Os profissionais também estão nos campos, nas agroindústrias, nas instituições de pesquisa, nos laboratórios nacionais agropecuários, nos supermercados, nos portos, aeroportos e postos de fronteira, no acompanhamento dos programas agropecuários e nas negociações e relações internacionais do agronegócio. Do campo à mesa, dos pastos aos portos, do agronegócio para o Brasil e para o mundo.

Assessoria de Imprensa