Os preços de importantes commodities exportadas pelo Brasil deverão subir no segundo semestre, em relação ao primeiro, com algumas exceções como petróleo e açúcar bruto, previu nesta quarta-feira a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

A maior alta foi projetada para o minério de ferro, terceiro produto mais exportado pelo país, que deverá ter um avanço de 13,4% em sua cotação média no segundo semestre, apontou a AEB.

Os preços globais da matéria-prima do aço vêm sendo afetados neste ano, entre outros motivos, por um corte de produção da Vale, que passa por uma revisão em diversas instalações após o rompimento mortal de uma de suas barragens.

A AEB estima um preço médio de 68 dólares por tonelada de minério de ferro na segunda metade do ano, o que deverá elevar a receita com exportações do produto em 9,4% ante 2018, para 22,1 bilhões de dólares.

Com esse resultado, o minério de ferro que já foi o principal produto de exportação do Brasil, deverá se aproximar mais da soja, com exportações estimadas em 25,2 bilhões de dólares, e do petróleo, com 24,1 bilhões de dólares.

A carne suína, com a segunda maior alta de preço projetada, terá um avanço de 12,3% em suas cotações, para 2,4 mil dólares por tonelada. O preço da commodity vem sendo impulsionado por um surto de peste usina africana na China, que tem importado mais carnes para compensar a redução do rebanho.

A soja, que deverá ser pelo quinto ano seguido o principal produto de exportação do Brasil, terá um avanço de 1,2% no segundo semestre, ante o primeiro, para 355 dólares por tonelada.

A AEB destacou que, até junho, foram embarcadas 44,5 milhões de toneladas de soja em grão, representando 62% das 72 milhões de toneladas previstas para embarque em 2019, ante um recorde de mais de 80 milhões de toneladas no ano passado —a peste suína está colaborando para reduzir os embarques da oleaginosa à China.

Em contrapartida, o petróleo, segundo produto mais exportado pelo país, terá uma queda de 6,4% na cotação média no período, para 380 dólares por tonelada, segundo previsão da AEB.

A associação ponderou que a projeção da taxa cambial para o final de 2019 poderá ser influenciada pelo nível dos juros nos Estados Unidos, por eventuais decisões do presidente dos EUA, Donald Trump, por decisões do governo Bolsonaro e pela aprovação de reformas estruturais, com as cotações podendo oscilar entre 3,65 reais e 3,90 reais.

“Em 2019, apesar de fortes oscilações nos três principais produtos de exportação, soja, petróleo e minério de ferro manterão representatividade próxima a 32%, consolidando o peso das commodities nas exportações e no superávit comercial”, disse a AEB.

O cenário, segundo a associação, reforça “a imperiosa necessidade de reformas estruturais para reduzir o custo-Brasil e gerar competitividade nas exportações de manufaturados”.

Ao todo, as exportações brasileiras em 2018 foram estimadas em cerca de 223 bilhões de dólares, queda de 6,7% ante 2018. Em dezembro, a estimativa para 2019 era de 219 bilhões de dólares.

Fonte: Reuters