Espaço não faltou, os debates estavam em cada metro quadrado do Fórum. Posições sobre o uso adequado da água, os exemplos bem sucedidos no mundo e os dedos apontados para os vilões, reais ou mitos, marcaram o maior evento global sobre o tema Água, organizado pelo Conselho Mundial da Água, uma organização internacional que reúne interessados no assunto e tem como missão “promover a conscientização, construir compromissos políticos e provocar ações em temas críticos relacionados à água para facilitar a sua conservação, proteção, desenvolvimento, planejamento, gestão e uso eficiente, em todas as dimensões, com base na sustentabilidade ambiental, para o benefício de toda a vida na terra”.

O Fórum Mundial da Água, realizado em Brasília, contribui para o diálogo do processo de decisão sobre o uso racional e sustentável. O Fórum organizado a cada três anos, antes de chegar no Brasil, já teve sete edições em sete países de quatro continentes, sendo esta a primeira vez no Hemisfério Sul.

Desta vez, pegou o campo preparado para não apenas se defender de acusações e do carimbo de vilão, mas principalmente para mostrar soluções e exemplos de uso racional e de toda tecnologia que os produtores têm acesso para continuar o processo de garantir segurança alimentar, preservar as nascentes, assegurar o futuro das próximas gerações e ainda buscar apoio da sociedade. Tem um longo trabalho pela frente, mas está sendo feito.

A batalha foi bem sucedida. Entidades e lideranças se revezaram para atender o público e revelar todo potencial produtivo e de uso racional da água. A pesquisadora da Embrapa Solos, Maria de Lourdes Mendonça Santos, mostrou a relação efetiva entre solo e água. A importância do manejo sustentável dos solos. Ela mostrou o trabalho intergovernamental da FAO, pois a pesquisadora representa o Brasil. Existe todo um panorama de técnicas de boas práticas acontecendo desde o manejo do solo e da água até as tecnologias para evitar as perdas na agricultura.

“Não existe solução simples, porque tudo na terra está interligado. Se maltratar uma, reflete na outra, todos os processos como recarga, filtragem, tudo está interligado. O produtor hoje olha o que tem na fazenda, o conjunto, e vai aprendendo, por isso crucificar agricultura por usar água e que é poluente é injusto, adotamos as boas práticas porque teremos que alimentar mais de 9 bilhões de pessoas em 2050. Alimento é questão de sobrevivência”, disse.

Ela também destacou a busca pela sustentabilidade e apresentou as diretrizes voluntárias para o manejo sustentável do solos. Assista à um trecho da palestra de Maria de Lourdes Mendonça Santos:

https://youtu.be/hVpdEFTj3eQ

Imprensa internacional

Jornalistas do mundo foram provocados com informações corretas sobre o agronegócio brasileiro. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil mobilizou todo o corpo técnico para apresentar diariamente no Fórum Mundial da Água os aspectos sustentáveis da produção brasileira e ainda chamou em particular os jornalistas do Brasil e de outros países para uma apresentação aberta para perguntas na sede da entidade em Brasília.

O setor agropecuário está fazendo a sua parte papel, cumprindo a legislação e buscando a preservação dos recursos naturais. Uma construção que deve ser feita junto com toda a sociedade. As lideranças do setor apontam que o grande desafio na gestão da água é unir esforço para garantir o futuro das gerações e, para isso, tem que tirar a pecha de vilão que a sociedade impôs ao produtor rural e acenar com um trabalho feito em conjunto, ou seja, campo mais cidade.

Marcelo Lara – colunista do suino.com
Fotos: Marcelo Lara/suino.com