“O fim do processo eleitoral vai exigir muita cautela por parte do produtor rural. No entanto, mesmo nesse cenário de grandes incertezas, o agronegócio ainda é o único segmento da economia que está relativamente mais defendido.”

Cocamar – A frase é do economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, de São Paulo, que falou a um grupo de dirigentes e conselheiros da Cocamar, no dia 25 de setembro, por videoconferência.

Competitivo – De acordo com Barros, o sistema do agronegócio tem algumas grandes vantagens: por um lado, luta no mercado internacional de forma competitiva; e, de outra, o mercado internacional vai continuar crescendo. “Há dificuldades, mas surgem muitas oportunidades nesse contexto, é só olhar o que acontece com a soja”, pontuou. Na briga da China com os Estados Unidos, pelo menos para este ano, a oportunidade oferecida para o Brasil, no caso da soja, tem sido bastante razoável. “Não se sabe onde isso vai dar, os problemas aqui dentro são muitos, incluindo agora a tabela do frete. Mas tem mercado lá fora e tem mercado aqui dentro”, frisou.

Caminho – Outro detalhe é que o agro brasileiro é o único que cresce com produtividade. “O que eu queria ressaltar é que, nesse cenário, o agronegócio continua tendo um caminho de crescimento bastante grande. Mas esse caminho vai continuar exigindo dos produtores, competência na produção, na gestão e muita cautela. Eu acho que para a economia urbana, que depende de indústria, do comércio, da construção civil, provavelmente vai continuar difícil. Mas o agronegócio é, de longe, e por méritos próprios, o que tem um caminho de crescimento.

Ajuda – No mercado internacional, os chineses vão continuar retaliando os norte-americanos, na parte de agricultura. Tanto é que o governo Trump está concedendo 12 bilhões de dólares de ajuda para os produtores do seu país, para compensar as perdas que eles vão ter.

Devagar – A economia fora dos Estados Unidos é que está começando a desacelerar, disse Barros. China, Europa e Japão estão caminhando mais devagar e uma boa parte do mundo emergente se encontra em franca crise. A Argentina é um exemplo claro. “Nós vamos enfrentar um mercado internacional mais difícil e tumultuado, com essa quebra do crescimento”, previu.

Superaquecimento – Por outro lado, Barros chamou atenção para um quadro que pode acontecer: com o aumento dos juros nos Estados Unidos, há o efeito do aspirador:. Todo mundo vai investir lá. Então, isto vai virando uma panela de pressão, que acelera a inflação e começa a haver os riscos de uma economia excessivamente aquecida. “Não é fora de propósito”, declarou, “imaginar que, daqui a um ano, por causa dos juros excessivamente aquecidos, a economia americana comece a desacelerar e entre numa recessão”.

Petróleo – Outro ponto é o petróleo. Os falcões, que querem os preços do petróleo lá em cima, estão no comando e o recente acordo da Rússia com a Opep, que está no comando das operações, força um preço do petróleo mais alto. Petróleo mais caro tem efeito direto no custo do transporte e de insumos como o fertilizante, em especial os nitrogenados. “Não é que a demanda esteja explodindo, é que a oferta está restrita”, explicou, citando alguns fatos que corroboram nesse sentido, como o colapso da produção na Venezuela e as sanções que estão sendo impostos ao Irã pelos Estados Unidos, reduzindo as exportações desse país.

Lentidão – Na economia brasileira, o crescimento econômico continua devagar depois da greve dos caminhoneiros. A projeção do economista é de um crescimento, no melhor cenário, de 1,5% a 1,6% para este ano. Ao mesmo tempo, o Banco Central já não tem aquela folga permitida pela inflação baixa, pois as tarifas públicas estão subindo e o petróleo segue nas alturas. Com isso, a inflação que era projetada em 3,8%, agora é estimada em 4,2% a 4,3%, antevendo-se a possibilidade de aumento na taxa de juros Selic nas próximas reuniões do Copom.

 

Fonte: Imprensa Cocamar