O ano do Rio Grande do Sul começou sob uma forte estiagem que causou prejuízos nas principais culturas. A soja teve perdas de 41,4% e o milho 3,8%. Por outro lado outras tiveram alta como o arroz (+6,5) e o trigo (+17,9%).

Com a chegada da pandemia em março/abril muitos planos foram paralisados e setores afetados. Os impactos na indústria gaúcha em 2020 e as projeções para 2021 foram apresentados em uma coletiva de imprensa, nesta terça-feira (8), pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).

Em relação a 2019 a indústria brasileira tem queda de 7,1% e a do Rio Grande do Sul tem baixa de 10,4%. A indústria de transformação teve queda de R$ 10,9 bilhões. Alguns setores ligados ao agronegócio tiveram desempenho positivo na comparação de produção entre janeiro e setembro. O setor de celulose avançou 3,6% (R$ 219 milhões a mais) ; no tabaco alta de 6,9% (R$ 257 milhões a mais); nos alimentos alta de 1,9% (R$ 4.176 milhões). Já máquinas e equipamentos teve queda de 8,6% (R$ 1.160 milhões a menos). Todos os setores mantiveram empregos com exceção de bebidas, veículos automotores e couro e calçado. “Esse avanço nos alimentos não quer dizer lucro porque os custos de produção subiram e foram repassados ao consumidor. A estiagem também fará nosso PIB menor que o do Brasil”, avalia o economista da entidade, André Nunes.

O setor industrial puxou a puxada econômica no terceiro trimestre, com a industria de transformação puxando o crescimento para o PIB brasileiro fechar em alta de 7,7%. No mesmo período 46,9% das indústrias tiveram dificuldade em entregar os pedidos pela falta de insumos ou matérias-primas que, segundo a Fiergs, atinge 9 em cada 10 estabelecimentos gaúchos. “Os estoques de produtos finais estão em queda desde junho e nunca estiveram tão baixos”, destaca Nunes.

Com relação a recuperação 45,8% das indústrias espera recuperação apenas no fim do primeiro trimestre de 2021 e 35% apenas no segundo trimestre. Em relação ao agronegócio mesmo com a previsão de safra recorde os estoques estão diminuindo e a insegurança alimentar na China, associada a recuperação dos efeitos da peste suína africana (PSA) tem gerado elevação do preço das commodities. Na safra 18/19 os estoques, por exemplo, estavam acima de 112 milhões de toneladas e na 20/21, pouco mais de 86 milhões de toneladas. “Isso acaba, em algum momento, chegando na ponta para o consumidor”, frisa o economista.

Para o ano que vem a projeção do PIB brasileiro está em 3,2%, com a agropecuária crescendo 2,5%. No Rio Grande do Sul o PIB agropecuário neste ano deve cair 26,4% devido a estiagem e o gaúcho tem queda de 6,8%. Para 2021 a agropecuária gaúcha deve crescer 20% e o PIB do estado 4%. “Se não tivermos seca novamente o crescimento gaúcho será maior que o brasileiro. Caso a produção gaúcha fique estagnada o crescimento gaúcho pode ser 2% menor”, projeta.

Fonte: Agrolink