O cenário do custo de milho e farelo de soja, e seu impacto sobre o custo de produção de suínos, sempre deixa preocupações sobre a lucratividade da atividade. Com isso, é importante buscar alternativas para que os impactos negativos do alto custo de insumos sejam minimizados.

Existem vários procedimentos que podem ser adotados dentro da granja para reduzir o custo de produção, a seguir serão apresentadas dez dicas práticas para reduzir o custo de produção dos suínos.

1 – Conhecer o consumo de ração por animal

Na grande maioria das vezes tentamos reduzir o valor do custo unitário das dietas dos suínos, sem conhecer realmente o seu consumo por animal. Entretanto, o custo de produção é resultante da relação entre o consumo de cada ração e seu custo unitário, sendo que somente a redução de custo unitário pode não refletir – necessariamente – na queda do custo de produção, se o consumo for elevado ou se o suíno não se desenvolver corretamente.

Além disso, a decisão correta sobre os níveis nutricionais da dieta, como energia e aminoácidos, depende da informação do consumo diário de ração do animal. Sabemos que a exigência dos animais se apresenta em gramas por dia e kcal de energia por dia, de modo que sem essa informação as dietas podem não fornecerem nutrientes o suficiente para que se atinja o melhor desempenho e custo produzido do animal.

Com isso, é muito importante conhecer o consumo de cada dieta por animal, a conversão alimentar da granja e por fase, e que se crie um objetivo de quantidade de ração por fase para cada animal. Esse procedimento certamente auxiliará no planejamento das formulações, proporcionando redução no custo por kg produzido.

 

2 – Redução de níveis nutricionais da dieta

Como mencionado na dica anterior, ao se conhecer o consumo de ração por fase e o tempo de consumo, é possível planejar melhor os níveis nutricionais das dietas. Sabemos que a energia (milho, óleos e gorduras) é o principal componente de custo das dietas, seguida pelos níveis de aminoácidos. Com o conhecimento do consumo de ração, muitas vezes, podem ser reduzidos níveis das dietas sem prejudicar o desempenho dos animais, resultando em economia no custo das dietas.

Existem casos em que os animais não atingem o consumo necessário para um desempenho adequado, podendo ser necessário um adensamento das dietas e até mesmo de medicamentos. O que pode proporcionar, apesar do aumento do custo unitário da dieta, uma redução do custo produzido, devido ao melhor desempenho dos animais e até mesmo uma possível redução de mortalidade.

Lembre-se que: muitas vezes, a informação do consumo ainda pode auxiliar na tomada de decisão sobre ajustes nas instalações, como espaçamento e ajuste em comedouros e qualidade ambiental.

3 – Utilização de coprodutos da indústria frigorífica e de alimentação humana

A utilização de coprodutos na nutrição animal é uma boa estratégia para redução de custos das dietas. Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados ao se trabalhar com esses substitutos, são eles: disponibilidade, custo, digestibilidade pelos animais, fatores antinutricionais e padrão dos produtos.

Por exemplo: com elevação dos custos de farelo de soja e aminoácidos, as farinhas de origem animal, como farinha de carne e ossos e farinha de sangue, têm sido ótimas auxiliares na redução de custo de produção dos animais. Mas diversos cuidados, como inclusão na dieta, origem desses produtos e qualidade de armazenamento, devem ser observados para que essa substituição não se torne um problema e a economia esperada ocorra.

Outros produtos que podem ser comumente utilizados são farelo de bolacha, farelo de algodão, DDGS (resíduo seco, com solúveis da fermentação alcoólica do milho), farinha de mandioca, resíduos de cervejarias, batata, balas, chocolate, gorduras e outros.

É muito importante realizar as análises bromatológicas prévias dos coprodutos para que sua utilização nas dietas se tornem o mais eficiente possível.

4 – Garantir a qualidade dos ingredientes

A qualidade dos ingredientes da dieta está diretamente relacionada à quantidade de nutrientes e sua utilização pelos animais. No cenário de aumento de preços de matérias-primas, é comum que o produtor “relaxe” um pouco em relação à qualidade dos insumos, como milho e farelo de soja, visando um preço mais baixo. Entretanto, a compra de uma matéria-prima um pouco mais barata pode sair muito caro. Por exemplo: milhos carunchados perdem em sua quantidade de amido, reduzindo seu teor energético, além de ficar mais propício às ações de fungos e fermentações e sujeito à maior contaminação por micotoxinas.

Desta forma, matérias-primas de pior qualidade podem prejudicar o desempenho dos animais, levando à ocorrência de problemas de saúde e pior aproveitamento dos nutrientes, comprometendo a conversão alimentar.

5 – Preocupe-se com água

Para garantir o correto consumo de ração pelos animais, é imprescindível que eles tenham disponibilidade de água em quantidade e qualidade suficientes. Entretanto, muitas vezes, esquecemos de verificar as chupetas da granja e a qualidade da água. No artigo do agBlog: “https://agroceresmultimix.com.br/blog/qualidade-de-agua-na-suinocultura-sabemos-avaliar-esse-nutriente/”, é possível saber um pouco mais sobre avaliação da qualidade de água em granjas.

6 – Melhorar a eficiência reprodutiva da granja

A eficiência reprodutiva da granja vai atuar diretamente na redução dos dias não produtivos e proporcionar maior produção de leitões por porca por ano. Essa melhoria impactará diretamente na diluição do custo fixo da granja e, principalmente, o custo relacionado ao montante de ração reprodutiva por leitão e na redução da conversão alimentar do plantel.

7 – Foco no descarte correto de fêmeas

Desenvolver os critérios claros de descarte das fêmeas auxilia na tomada de decisão sobre esse manejo, que pode trazer prejuízos zootécnicos ao sistema produtivo, se não realizado corretamente.

Na grande maioria das vezes, observamos que o critério de descarte mais utilizado nas granjas é a idade da fêmea, entretanto, esse não pode ser o único critério utilizado. Precisamos também observar o número de partos por porca por ano e o número de leitões produzidos por fêmea.

O descarte correto de fêmeas irá, consequentemente, melhorar a eficiência reprodutiva da granja, diluindo os custos de produção da fase reprodutiva.

8 – Preocupe-se com a qualidade dos leitões ao nascimento e ao desmame

Existe correlação entre os pesos do leitão ao nascimento e ao desmame, com seu desempenho durante a vida produtiva na granja. A qualidade dos leitões nessas fases impactará o peso médio ao abate da granja e a eficiência produtiva do animal, além de contribuir para reduzir as perdas por natimortalidade e mortalidade na maternidade, levando à maior eficiência de leitões vivos por porca por ano.

Todo o cuidado na gestação, maternidade e no alojamento dos animais na creche terá um grande impacto financeiro na granja.

9 – Redução de problemas sanitários na granja

O custo com doenças na granja pode impactar muito no custo de produção dos animais. Sabemos que o custo de doenças pode chegar até R$ 30,00 por animal, levando em consideração os gastos com prevenção, tratamento e perdas de produtividade. Desta forma, um correto programa de vacinação e de biossegurança na granja é fundamental para se reduzir o custo de produção.

10 – Felicidade dá lucro: como está sua equipe?

A equipe da granja é a engrenagem principal para que todo o sistema produtivo seja eficiente. Muitas vezes, esquecemos de avaliar como a equipe está e se damos todas as ferramentas necessárias para que ela busque desempenhar o trabalho com eficiência.

Essa é uma das dicas mais importantes a ser observada, pois se a equipe não estiver engajada, as recomendações técnicas dificilmente serão colocadas em prática.

Reuniões mensais com a equipe, deixando claro objetivos e como as atividades devem ser executadas, e a valorização do colaborador, é muito importante para que as metas da granja sejam atingidas. Como dica, fica a leitura do livro: “Felicidade dá Lucro”, de Márcio Fernandes, uma obra para inspirar a atuação sobre a equipe da granja.

Considerações finais

Todas as dicas estão de alguma forma interligadas, de modo que o acompanhamento técnico, o engajamento da equipe e a prática das ações na granja são fundamentais para redução de custo e melhoria da lucratividade da atividade.

Cada uma dessas dicas deve ser trabalhada em conjunto com o proprietário, os gestores da granja, a equipe e o responsável técnico, através de reuniões, metas e desenvolvimento de procedimentos. Todas essas medidas são fundamentais para o sucesso da implantação de um programa de redução de custos e maior lucratividade das granjas.

Fonte: Nutrição Animal – Agroceres Multimix