*Por Rafael Dal Molin
Enquanto diversas categorias da economia brasileira não esperam a hora de 2020 acabar, o agronegócio sai sem sequelas da maior crise sanitária mundial da nossa época. Para se ter uma ideia, a balança comercial do setor registrou superávit recorde no acumulado de janeiro a outubro, com saldo de US$ 75,5 bilhões. A receita com exportação foi de US$ 85,8 bilhões, alta de 5,7% em relação ao mesmo período do ano passado. As informações foram divulgadas pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia.
Dentre todas as explicações que justificam os bons números, destaco a adesão das tecnologias no campo como uma das principais consequências da pandemia para os agricultores, que foram forçados a reduzir a mão de obra para conter o avanço da doença e ao mesmo tempo precisaram encontrar uma maneira de continuar com a produtividade em ritmo crescente. As notícias são animadoras: segundo uma pesquisa realizada pela Boston Consulting Group (BCG), consultoria global de gestão e estratégia, 45% dos brasileiros que vivem da agricultura e pecuária pretendem investir em automação depois que o coronavírus passar.
O fato das tecnologias estarem inseridas no agronegócio não é novidade. No entanto, é indiscutível que o Brasil de 2020 viveu uma verdadeira revolução e impulsionou a chamada Era Digital. Dando um exemplo bastante simples, produtores que faziam parte das famosas feiras de rua, que aconteciam de modo presencial, identificaram novas formas de comercializar suas frutas, verduras e legumes: as plataformas online, que geram dados dos clientes e fazem negócios de um jeito rápido e seguro. Os marketplaces têm assumido um importante papel na evolução do setor e a Covid-19 veio para acelerar tendências.
Além dos drones, ferramentas e aplicativos de GPS que já fazem parte da rotina dos agricultores, softwares que permitem que os administradores visualizem a propriedade à distância e tenham informações de todos os departamentos da instituição na palma das mãos, finalmente conquistaram espaço no mercado, tendo em vista que a pandemia evidenciou a importância de uma gestão eficiente. Automatizar tarefas, economizar tempo e dinheiro e reduzir erros humanos é extremamente relevante em momentos de crise e os ERPs estão aí para ajudar os empresários a montarem um planejamento estratégico, tático e operacional.

De maneira geral, o agronegócio tem muito a comemorar e aqueles que souberem aproveitar as inovações trazidas pelas startups podem chegar à primazia. Honestamente, acredito que os bons resultados obtidos em 2020 devem se repetir no ano que está por vir. Produzir mais com menos recursos naturais e financeiros com o objetivo de suprir a demanda mundial de alimentos é o grande desafio dos últimos tempos, mas com bons procedimentos, soluções de ponta e pessoas qualificadas, garanto que o caminho é promissor.

*Rafael Dal Molin é mestre em Computação Aplicada e Ciência da Computação na Universidade de Passo Fundo e é Diretor da Elevor – startup gaúcha que desenvolve softwares de gestão empresarial para os segmentos do agronegócio, atacado, distribuição, varejo e serviços.
Fonte: Assessoria de Imprensa