Por Ivan Ramos, diretor executivo da Fecoagro

Não é novidade para nós e talvez para a comunidade como um todo, que a atividade agropecuária tem sido um setor que mais enfrenta volatilidade no seu dia a dia. Ao mesmo tempo em que pode multiplicar resultados positivos de um ano para o outro, também pode sofrer impactos negativos de um dia para outro. Costuma-se dizer que ninguém multiplica tão significativamente resultados, do que, por exemplo, o plantio do milho. De um grão bem adubado e tratado, se colhe inúmeras espigas que garantem os resultados para quem planta. E assim acontece com outras culturas.

Da mesma forma, uma atitude precipitada ou mal planejada de uma politica agrícola, interna ou externa, também pode aniquilar com uma atividade que consegue multiplicar resultados para um País, ou uma população. Nos últimos dias vivemos o exemplo prático disso e está repercutindo no agronegócio de SC e do País.

O excesso de zelo na fiscalização e ações policiais e o vedetismo midiático de órgãos governamentais estimularam uma derrocada no mercado internacional de aves.

Talvez fossem medidas que não tiveram a avaliação estratégica dos seus autores, e que contribuiu para abrir portas para que outros se aproveitassem de situação pontual.

Fechar as exportações por trinta dias e depois abrir sem motivos para as quais foram fechadas só serviu para criar fatos em que mercado internacional vinha procurando para conquistar espaços já consolidados pelo Brasil.

Por outro lado, a decisão da União Europeia de fechar importações de aves, sob o argumento de deficiência sanitária, foi a mais autêntica manifestação de reserva de mercado, ignorando o que se tem de positivo em um País que tem se esforçado para cumprir as regras internacionais de saúde pública e por isso estar na berlinda de qualidade e regularidade de abastecimento.

E essa situação no que vai impactar para o nosso agricultor catarinense? Muita coisa. As agroindústrias pararem de exportar significa entulhar o mercado interno e, em decorrência, quedas de preços, e necessidade de suspensão de alojamento, de abate e de produção. Isso vai regredindo até chegar ao avicultor que deverá reduzir suas criações, por consequência cai a renda e aumenta os riscos de inadimplência nos seus compromissos financeiros, afetando todo o mercado. Nosso modelo agroindustrial corre riscos de ser desmantelado.

Quem tem culpa disso? Diversas partes, mas que poderia ter sido evitado se houvesse menos necessidade de exposição na mídia dos órgãos de controle e fiscalização.

É lamentável mas, mais uma vez, a corda vai arrebentar no lado mais fraco. Os principais prejudicados, nessa história, serão os avicultores que, em SC, são considerados eficientes e sempre conseguiram superar crises pelo seu trabalho e dedicação por aquilo que fazem.

Corrigir erros no sistema é necessário, mas que se execute quem errou, e não se penalize todos, colocando todos como farinha do mesmo saco. Pense nisso.