A alta nos preços da cebola e do milho são os destaques da edição de abril do Boletim Agropecuário da Epagri/Cepa. Também tem boa notícia no leite. Pela primeira vez na história, Santa Catarina superou o Paraná na quantidade de leite adquirido pela indústria. Por outro lado, produtores de arroz vem sofrendo com preços e custos e o alho vem sendo ameaçado por dificuldades na comercialização.

O Boletim Agropecuário é um documento emitido mensalmente pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa). Ele apresenta, de forma sucinta, as principais informações conjunturais referentes ao desenvolvimento das safras, da produção e dos mercados para produtos selecionados, usando informações referentes à última quinzena ou aos últimos 30 dias.

Veja abaixo um resumo das análises deste mês:

Milho

Os preços apresentaram forte reação desde o início do ano (24% de alta). Em relação ao mês anterior, o preço apresentou, em média, alta de 17,9% no Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina. Quando comparado a março de 2017, o aumento no preço foi de 16,7%. Estes são os valores mais elevados registrados desde dezembro de 2016.

A situação preocupa o setor agroindustrial do Estado, que enfrenta historicamente um amplo déficit entre o consumo e a produção de milho. Em 2016, por exemplo, a demanda pelo grão totalizou 6,6 milhões de toneladas, enquanto a oferta fechou em 3,3 milhões de toneladas.

Soja

Em março, a soja apresentou uma forte elevação nos preços pagos aos produtores nas principais praças dos estados produtores, registrando R$ 62,99, R$ 69,05 e R$ 68,33 (saca de 60kg)no Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, respectivamente. Em comparação com o mês de fevereiro, os preços tiveram reajuste médio de 4,9%. nestes estados. No comparativo com o mês de março de 2017, a variação média dos preços nos principais estados produtores (MT, PR e RS) foi de 15,3%. Em Santa Catarina os preços  presentaram
comportamento semelhante, com alta de 3,9% entre fevereiro e março de 2018, com a saca cotada em R$ 66,69 e R$ 70,65, respectivamente. Com isto, os preços praticados são os maiores desde julho de 2016.

Relação soja x milho

Os preços do milho e da soja aumentaram em Santa Catarina desde dezembro de 2017 em 24% e 7%, respectivamente. Como o aumento no preço do milho foi maior do que no preço da soja, a relação de equivalência entre o preço dos dois produtos diminuiu  consideravelmente desde então. Considerando os custos de produção e o retorno obtido com a produção de soja, essa relação de equivalência neste mês foi igual a 2,11, ou seja, o preço da soja é um pouco mais do que o dobro do preço do milho. Desde dezembrode 2016 não tínhamos uma relação neste patamar. Mantida esta relação nos próximos meses, fará com que o agricultor reavalie a opção de plantar soja ou milho. Ainda é cedo para o produtor decidir a próxima safra, mas,  mantida esta relação, espera-se que a área destinada à produção do milho mantenha uma estabilidade.

Fatores que influenciam mercado no período:

A estiagem na Argentina: a Bolsa de Cereales do Departamento de Estimaciones Agrícolas7
reporta, no seu relatório de 5 de abril: “Los bajos rendimientos recolectados sobre las regiones núcleo reducen la proyección de producción a 38.000.000 toneladas, un 34% menos que el ciclo prévio. El avance de cosecha alcanzó el 15,3 % de la superficie apta con un rinde medio nacional de 24,4 qq/ha”. Cabe ressaltar que em 2016/17 os produtores argentinos colheram 57,8 milhões de toneladas de soja.
– Relatório divulgado pelo USDA no dia 10 de abril. Destaque para redução dos estoques finais norteamericanos de soja, bem como os globais.
– Política protecionista: recentemente anunciadas pelos Estados Unidos, as sobretaxas nas importações americanas repercutiram, principalmente, nas relações comerciais entre China e USA. com isso, o produtor brasileiro ganha com a preferência na compra da soja do Brasil pela China. Os prêmios nos portos para a soja do Brasil, maior exportador global do produto, subiram mais ante os contratos futuros de Chicago no
dia 04 de abril, atingindo 1,74 dólar por bushel em Paranaguá, alta de 47 centavos ante o dia 03/04., segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Esalq/Cepea).
– No Brasil, a evolução da colheita da nova safra começa a ganhar um ritmo melhor, revelando, também, produtividades ótimas na maior parte dos Estados. No geral, a boa safra brasileira é um fato e o mercado deve dar maior atenção nas próximas semanas, acompanhando as condições climáticas.
– A estimativa atual da colheita de grãos no Brasil (CONAB) reporta que a atual safra será a segunda maior da história, com uma produção de 229,5 milhões de toneladas. Os números estão no 7º Levantamento da Safra de Grãos 2017/2018, divulgado na terça-feira, 10/04. A soja é a maior responsável pelo bom desempenho da produção. A leguminosa deve alcançar 114,9 milhões de toneladas, segundo a CONAB. No entanto, algumas consultorias já apostam em safra próximo de 119 milhões de toneladas.

Acesse o documento na íntegra.

Fonte:  EPAGRI