Não é apenas o Brasil, na América Latina, que está conseguindo ampliar suas exportações agrícolas mesmo em tempos de pandemia. Costa Rica, Argentina, Bolívia e Guatemala fazem parte do grupo de países da região que têm conseguido bons resultados nessa frente. Peru e Uruguai, em contrapartida, estão enfrentando problemas.

Levantamento recém-concluído por Joaquín Arias, especialista técnico internacional do Centro de Análise Estratégica para a Agricultura (Caespa) do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), com sede em San José (Costa Rica), mostra que, em um conjunto de 14 países latino-americanos com dados à disposição, as exportações agrícolas cresceram 8,5% (US$ 1,7 bilhão) em abril ante o mesmo mês de 2019, e somaram US$ 21,2 bilhões, ou 22,3% de um total global baseado em resultados de 75 países.

No total, incluindo os demais setores da economia, as exportações do grupo – Argentina, Belize, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, México, Paraguai, Peru e Uruguai – registraram queda de quase 30% na comparação.

Em maio a tendência foi mantida, embora o universo analisado seja menor, já que Bolívia, México, Guatemala e Colômbia ainda não tinham dados disponíveis para a compilação. Conforme a soma dos números dos demais dez países, alguns ainda preliminares, houve aumento de 10% ante igual mês do ano passado, para US$ 17,7 bilhões. No total, incluindo os outros setores, as exportações desse grupo de países diminuíram 16,2% em maio.

Para Daniel Rodriguez, gerente do Programa de Comércio Internacional e Integração Regional do IICA, os resultados alcançados nos primeiros meses da pandemia mostram que, em geral, os países latino-americanos têm uma posição privilegiada, do ponto de vista de geração de divisas agrícolas, para financiar projetos de recuperação econômica em tempos de crise. Afora os reflexos positivos também para segurança alimentar, empresas exportadoras e geração de postos de trabalho.

Um dos maiores produtores e exportadores de produtos do agronegócio do mundo, o Brasil está puxando a fila dos países latino-americanos que estão ampliando os embarques nessa frente. Impulsionado por soja e carnes, mas também forte em produtos como açúcar, café e suco de laranja, o país exportou em abril, segundo os critérios da IICA, US$ 8,7 bilhões em produtos agropecuários, 28,9% mais que um ano antes.

Nas contas do Ministério da Agricultura brasileiro, que incluem mais itens, em abril os embarques do agronegócio do país alcançaram US$ 10,2 bilhões, um recorde para o mês, com aumento de 25%.

De acordo com o IICA, também houve crescimentos de destaque das exportações agrícolas em abril na Costa Rica (8.2%, para US$ 420 milhões), na Argentina (4,9%, para US$ 3,2 bilhões), na Bolívia (4,9%, para US$ 106 milhões) e na Guatemala (4,7%, para US$ 507 milhões). Por outro lado, mostraram os dados compilados por Arias, os embarques do Peru recuaram 41,7%, para US$ 434 milhões e os do Uruguai foram 16,8% menores (US$ 344 milhões).

Segundo o órgão, enquanto na Argentina, por exemplo, também se sobressaem no comércio exterior produtos como grãos (soja, milho e farelos) e carne bovina, nos países da América Central despontam café, banana e preparações alimentícias. Nos países andinos, por sua vez, óleo de palma, extratos e essências de café e hortaliças ajudam a impulsionar a geração de divisas.

Em maio, conforme o órgão, as exportações brasileiras cresceram 22,6% ante o mesmo mês de 2019, para US$ 9,4 bilhões – segundo o Ministério da Agricultura brasileiro, foram US$ 10,9 bilhões, recorde para o mês. E também houve avanços do valor dos embarques de Equador (8,2%), Paraguai (6,4%), Costa Rica (5,9%), Argentina (1,3%), Belize (1,3%) e Uruguai (0,8%). Em contrapartida, foram registradas quedas em El Salvador (38,8%), Chile (12%) e Peru (10,8%).

Fonte: Avicultura Industrial