Apenas dez municípios mantêm 1/4 desses equipamentos

Um estudo dos pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, Daniel Pereira Guimarães e Elena Charlotte Landau, avaliou a atuação e expansão da irrigação por pivôs centrais no Brasil.

A tecnologia alcançou 1,6 milhão de hectares, mais do que a irrigação por inundação usada no cultivo do arroz. Hoje, as áreas de agricultura irrigada do país correspondem a menos de 20% da área total cultivada e produzem mais de 40% dos alimentos, fibras e cultivos bioenergéticos, números que evidenciam a contribuição desse método para a segurança alimentar. O estudo também evidenciou o aumento da produtividade por unidade de área e possibilidade de produção fora de época com uso da tecnologia, o que contribui para reduzir a expansão da fronteira agrícola e abrir novas oportunidades de mercado.

Também foi identificada uma alta concentração onde apenas dez municípios mantêm 1/4 desses equipamentos, onde atinge mais de 400 mil hectares. Quatro municípios têm mais de 15% de suas áreas ocupadas por pivôs centrais: Itaí-SP (17,83%), Santa Juliana-MG (15,85%), Casa Branca-SP (15,39%) e Romaria -MG (15,08%). Por estados o que têm maior área irrigada é Minas Gerais, com mais de 500 mil hectares irrigados.

Mais da metade da área irrigada por pivôs centrais no Brasil está localizada nas bacias hidrográficas do Médio São Francisco, onde estão os polos municipais de Paracatu e Unaí, em Minas Gerais, e São Desidério, Barreiras e Mucugê, na Bahia. A essa área de concentração somam-se também o Alto Paranaíba, em Minas Gerais, e a bacia do Rio Paranapanema, em São Paulo.

Além das grandes culturas, como soja e milho, sob os pivôs centrais é produzida grande parte do tomate industrial, batata, cenoura, café nas áreas de Cerrado, cebola, alho e cana-de-açúcar. “Esses equipamentos são também indutores do cultivo das culturas de inverno como o trigo e a cevada na região dos Cerrados. Sob condições irrigadas, o trigo tem apresentado altas produtividades, inclusive no Semiárido brasileiro, indicando o potencial da irrigação para a redução das importações desse cereal”, diz Guimarães.

O estudo também alerta para o uso de forma racional, em consonância com a natureza, para preservar recursos hídricos e mananciais. De acordo com o pesquisador da Embrapa, se todos os pivôs centrais atualmente instalados no País fossem ligados simultaneamente, usando água retirada dos mananciais, o volume demandado seria equivalente a toda a vazão do Rio São Francisco. Uma ferramenta para mensurar isso é o sensoriamento remoto que abre caminhos para melhorar a eficiência na gestão dos recursos hídricos e expandir a agricultura irrigada em bases sustentáveis.

“Considerando a grande extensão territorial brasileira e a dinâmica e diversidade das áreas irrigadas, é preciso melhorar o nível de entendimento sobre a variabilidade sazonal da disponibilidade hídrica nas bacias hidrográficas. Bem como mensurar a previsão da disponibilidade hídrica nos períodos críticos, a eficiência no uso da água e a determinação das áreas aptas para a expansão da agricultura irrigada no País”, pondera.

Fonte: Agrolink