Há seis dias o porto de Bahia Blanca, na província de Buenos Aires, na Argentina, está bloqueado por caminhoneiros, paralisando, inclusive, as exportações de milho do país, entre outros produtos. Os transportadores pedem por uma tarifa fixa de frete. De outro lado, o presidente da Cámara de la Industria Aceitera de la República Argentina (CIARA), Gustavo Idígoras, afirma pede urgência na ação do governo provincial, afirmando que o movimento “é absolutamente ilegal” e que é preciso que seja reestabelecida, o quanto antes, a livre circulação de mercadorias.

“Somos vítimas de um conflito estrangeiro onde um grupo de caminhoneiros não sindicalizados impede que outros caminhoneiros entrem nos portos com grãos. O bloqueio, que começou no dia 30 de julho e previsto para durar 48 horas foi prorrogado de forma ilimitada e já leva cinco dias. O prejuízo econômico para o país é enorme”, disse.

Segundo os primeiros levantamentos, o bloqueio dos embarques já gera um prejuízo para o comércio de grãos argentino de US$ 400 milhões. Idígoras relata que são cerca de 11 mil caminhões que não puderam entrar no porto e 40 navios que aguardam para carregar pelo menos 1,2 milhão de toneladas de soja, milho, trigo e farelo de soja.

O quadro da greve se agrava diante da crise hídrica que leva o Rio Paraná aos seus mais baixos níveis dos últimos anos, encarecendo em cerca de 300% os custos com fretes e deixando em situação de incerteza embarcações que partem de Gran Rosário sem podem sair com a carga completa e que completam seus carregamentos em Bahia Blanca.

“A situação gerada pela emergência hídrica na Hidrovia do Paraná obriga o sistema agroindustrial exportador a embarcar na Hidrovia e se completar nos portos atlânticos, como Necochea e Bahía Blanca, o que aumentou os custos em 300%”, informa uma nota da CIARA.

Um navio que carrega, normalmente, 50 mil toneladas saindo do porto de Rosário está saindo com apenas 41 mil; embarcações que deixam o terminal com 36 mil atualmente saem com 30 mil.

A paralisação chega em um momento em que a Argentina vinha registrando números importantes de sua balança comercial, com as exportações crescendo de forma expressiva. No primeiro semestre de 2021, as vendas externas do país marcaram um incremento de 28,3%, refletindo um aumento de 22,4% nos preços e 4,7% no volume. A combinação das altas das soja, derivados e do milho estimularam as exportações argentinas.

“O setor externo começou a se complicar notoriamente em julho. O aumento do frete internacional faz os exportadores argentinos renunciarem aos preços, enquanto os importadores aumentam seus custos. Um somatório de problemas derivados da crise sanitária, mais falta de contêineres e navios elevam consideravelmente os custos. Para este problema estrutural global, a Argentina começa a ter um grave agravamento, a diminuição do fluxo de água no rio Paraná, o que complica as exportações argentinas”, explica Salvador Di Stéfano, analista econômico, financeiro e de negócios em um artigo no portal Ámbito.

Para o Brasil, sinal de alerta. Com as perdas agressivas na segunda safra e um cenário de oferta muito ajustada diante de uma demanda ainda aquecida, o país vem importando volumes importantes de milho neste ano. De acordo com dados da Subsecretaria de Mercados Agropecuários do Ministério da Agricultura da Argentina, as exportações de milho do país para os brasileiros, nos primeiros seis meses de 2021, foram de 332,222 mil toneladas, 906,7% a mais do que no mesmo período do ano anterior.

Com informações dos portais La Nación Campo, Clarín Rural, Infocampo e Ámbito

Fonte: Notícias Agrícolas