O arroz é a principal fonte de carboidratos da dieta do brasileiro. Por isso, grãos nobres ou “premium” com atributos superiores em aparência física, propriedades culinárias, sensoriais e valor nutricional são bastante procurados e valorizados pela indústria.

Em 2016, a Embrapa Clima Temperado, em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão, lançou a cultivar BRS Pampeira, do tipo longo e fino, com baixa incidência de defeitos físicos, alto rendimento industrial e excelentes atributos culinários e sensoriais – tempo de cozimento, textura do arroz cozido, aroma antes e pós cozimento e capacidade de se manter macio após o cozimento. Além disso, sua produtividade vai de 10.400 a 12.900 kg/ha. Todas as sementes ofertadas na safra 2018/2019 foram comercializadas e sua área plantada atingirá cerca de 50.000 hectares no Rio Grande do Sul e 18.000 hectares no Tocantins.

A BRS Pampeira é destaque do Balanço Social 2018, estudo divulgado anualmente pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que aponta o seu retorno social para a sociedade, que também revela que para cada real aplicado na Embrapa no ano passado, foram devolvidos R$ 12,16 para a sociedade. A novidade será anunciada no próximo dia 24, na solenidade dos 46 anos da estatal agropecuária, que registrou também um lucro social de R$ 43,52 bilhões em 2018. Esse valor foi obtido a partir da análise do impacto econômico de 165 soluções tecnológicas e de cerca de 220 cultivares desenvolvidas pela Empresa.

O valor do “arroz longo fino”
O arroz é valorizado na sua comercialização pela fração de grãos inteiros, entretanto, os defeitos têm ganho importância e podem ter um grande impacto econômico. Recentes modificações nas formas de classificação indicam que grãos com centro branco podem ser considerados como gessados, caso a opacidade ultrapasse 50%, depreciando o produto. Embora o centro branco tenha diversas origens, como colheita antecipada, veranicos e ondas de calor, a genética também está envolvida neste defeito.

As dimensões dos grãos também são importantes, pois determinam a classe do produto, sendo a de ‘Longo-Fino’, a mais valorizada. As propriedades físicas incluem o rendimento após beneficiamento, uniformidade, brancura e translucidez do grão. As qualidades culinárias e sensoriais tipicamente incluem tempo de cozimento, textura do arroz cozido, aroma antes e pós cozimento e capacidade de se manter macio após o cozimento. Baixa incidência de defeitos físicos tornou-se determinante, afetando seu processo de produção e comercialização.

O cultivo do arroz no Brasil apresenta elevado impacto de nível econômico e social, principalmente por tratar-se de um cereal que é a principal fonte de carboidratos da dieta alimentar da população. Nos países consumidores de arroz, as características de qualidade de grão ditam o valor de mercado e possuem um papel fundamental na adoção de novas variedades. A indústria tem buscado grãos nobres ou “premium” e, por consequência, melhoria do seu produto no comércio. A classificação de cada parâmetro varia de acordo com a cultura e hábitos de consumo.

A cultivar BRS Pampeira, no Rio Grande do Sul, possui ciclo biológico ao redor de 133 dias da emergência à maturação. As plantas têm porte moderno filipino, pilosas com folhas bandeiras eretas. A estatura média é de 91,5cm, que pode variar em função do manejo cultural e das condições ambientais. A cultivar apresenta elevado perfilhamento, colmos fortes e resistência ao acamamento.

Os grãos são do tipo longo fino, com aspecto vítreo e baixa incidência de centro branco. O peso médio de 1.000 grãos é 27g. A casca do grão tem cor amarelo palha, pilosa e sem aristas. O comprimento médio da panícula é de 23,9cm. O rendimento industrial, em condições normais de ambiente e manejo da lavoura, é superior a 62% de grãos inteiros polidos com renda total de 68%. Apresenta excelentes atributos de cocção, comparada aos melhores materiais destacados pela indústria. Nos testes de qualidade culinária, apresenta teor de amilose (TA) alto e temperatura de gelatinização (TG) baixa, como é esperado de uma cultivar com boas características de cozimento.

Na safra 2017/18, foram obtidos excelentes resultados de lavoura no RS. Na Granja Guará do produtor Walter Arns em Uruguaiana, RS, a cultivar apresentou uma produtividade de 12.356 kg/ha (247,12 sacos) já descontando umidade e impurezas, em uma área de 226 ha, o que é bem representativo para avaliar o seu potencial. Não houve problemas de acamamento, nem fitossanitários. A cultivar também tolera adubações mais pesadas (NPK) respondendo positivamente em produtividade.

Outro exemplo de destaque foi na área de produção da empresa Sementes Biguaçu, do produtor Edson Comis, no mesmo município, onde foram colhidos 12.931 kg/ha (258,62 sacos), de grão seco e limpo. Em Santa Vitória do Palmar, RS, na Granja do Salso, foram cultivados 200 ha da BRS Pampeira, junto aos experimentos de melhoramento genético da Embrapa, com uma produtividade de 10.450 kg/ha. Na Granja 4 Irmãos, em Rio Grande, RS, foram semeados com a cultivar, no início de setembro de 2017, 139 ha e a produtividade foi de 11.076 kg/ha (221,52 sacos). Esta mesma propriedade semeou cerca de 1.100 ha nesta safra de 2018/19. Em Camaquã, RS, na empresa Rancho King, em 48 ha, a BRS Pampeira apresentou produtividade de 11.750 kg/ha (235 sacos).

Fonte: Embrapa