O Brasil não integra o Mapa da Fome desde 2014, mas o cenário está longe de ser satisfatório: 2,4% da população do país está em situação de insegurança alimentar, ou seja, 5 milhões de pessoas. Do outro lado, 50% dos brasileiros sofrem com o sobrepeso – um resultado de hábitos alimentares que originam doenças como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares. Para se ter uma ideia do impacto desses problemas no Sistema Único de Saúde, basta lembrar que são gastos R$ 458 milhões anualmente com o tratamento de problemas estreitamente associados à alimentação, de acordo com dados de 2017, do Ministério da Saúde. Uma combinação de fatores que envolve a alta taxa de desemprego, avanço da pobreza, redução do número de beneficiários de programas sociais e o congelamento dos gastos públicos têm agravado a vulnerabilidade da população da base da pirâmide. Nesse contexto, a alimentação é um dos temas críticos para o desenvolvimento socioeconômico do país e apresenta desafios em diferentes pontos da cadeia: da oferta até o consumo.

Para apoiar empreendedores de impacto social que estão atuando na redução dos problemas relacionados à alimentação da baixa renda brasileira, a Fundação Cargill e a Artemisia anunciam o Artemisia Lab Alimentação – programa de aceleração de curto prazo que vai selecionar até 15 negócios em estágio inicial para uma jornada de seis semanas. As inscrições estão abertas até 16 de julho e podem ser feitas pelo site .

Para o Artemisia Lab Alimentação, as organizações estão em busca de empreendedores de todo o Brasil, que têm negócios de impacto social inovadores dentro da temática e que estejam alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Erradicação da Fome; Erradicação da Pobreza; Saúde de Qualidade; e Consumo e Produção Responsáveis. Dos negócios que serão selecionados, os que apresentarem melhor desempenho ao longo da aceleração poderão receber um capital-semente de até R$ 20 mil e mentorias extras. O programa conta com workshops presenciais e webinares (encontros online), tendo como base a metodologia exclusiva de aceleração da Artemisia, pioneira no apoio a negócios de impacto social no Brasil.

Segundo Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia, a iniciativa de selecionar e acelerar negócios de impacto focados na melhoria da alimentação para a base da pirâmide aprofunda a parceria iniciada para a produção da Tese de Impacto Social em Alimentação.

“Com o mapeamento do setor, entendemos as lacunas nas quais os negócios de impacto social podem contribuir para a resolução dos diversos desafios que afetam toda a população, em especial a parcela de menor renda. Com o Artemisia Lab Alimentação damos um passo além, em direção da potencialização dos empreendedores e seus negócios, como podem trazer soluções inovadoras para os grandes desafios da temática. Na prática, a equipe da Artemisia compartilha com a Fundação Cargill a visão de que é preciso fomentar e apoiar essa nova geração de empreendedores para que possam se desenvolver e gerar o impacto social que precisamos em nosso país”, afirma.

“A Fundação Cargill tem o propósito de promover a alimentação saudável, segura, sustentável e acessível. Para isso, precisamos buscar uma diversidade de abordagens mais criativas e abrangentes; e contamos com os negócios quem tenham impacto e relevância social, alto poder de transformação, inovação e sustentabilidade”, explica Yuri Feres, diretor-presidente da Fundação Cargill.

Critérios de seleção e setores

Entre os principais critérios de seleção está o impacto social – negócios devem oferecer produtos ou serviços para a resolução de questões relacionadas à alimentação, voltados à melhoria da qualidade de vida da população de baixa renda. O empreendedor tem que ter intenção genuína de mudar o Brasil, com histórico de realizações e capacidade para atrair talentos e desenvolver uma equipe consistente. O negócio deve ter um modelo lucrativo e com potencial de escala. As startups já devem ter protótipos desenvolvidos (produto ou serviços), em fase de testes no mercado ou no início da fase de vendas. O potencial de inovação é um dos pontos relevantes da seleção.

Estão credenciados a participar empreendedores com soluções para acesso a frutas, verduras e legumes (permitem que pessoas que vivem em locais que não têm venda de frutas, verduras e legumes tenham meios de comprá-los a um valor acessível, podendo assim incorporá-los à rotina alimentar); produção próxima ao consumidor (aproximação do consumidor à produção pelo plantio para consumo próprio ou para venda, ampliando o acesso da população de baixa renda a alimentos frescos e saudáveis nos centros urbanos e áreas periféricas); acesso a refeições equilibradas (que ofereçam alternativas de refeições saudáveis e equilibradas para a população de menor renda de forma acessível geográfica e financeiramente); prevenção e nutrição\saúde (que incentivem hábitos saudáveis por meio do direcionamento para mudanças de rotina alimentar e suporte para a reeducação nutricional, com aproveitamento integral dos alimentos a um preço acessível); educação para uma alimentação saudável e equilibrada (que apoiem a capacitação de pessoas sobre nutrição e alimentação equilibrada e com a possibilidade de multiplicar esse conhecimento); armazenamento adequado para evitar perdas e desperdícios (que promovam o armazenamento correto dos alimentos para venda e consumo, diminuindo as perdas e o desperdício); e apoio à gestão pública (negócios que incrementem as soluções públicas existentes, qualificando sua atuação e gerando dados que aumentem a transparência e permitam promover melhorias contínuas).

Tese de impacto social em alimentação

Conduzida pela Artemisia e Fundação Cargill, a “Tese de Impacto Social em Alimentação” reúne informações relevantes sobre os desafios enfrentados na temática pela população de baixa renda no Brasil e pelo setor; e aponta quais são as oportunidades para o desenvolvimento de negócios de impacto social que possam contribuir de forma positiva à sociedade. Os negócios de impacto social são empresas que oferecem, de forma intencional, soluções escaláveis para problemas sociais da população de baixa renda, unindo lucro e impacto social.

Entre as oportunidades detectadas no estudo: acesso ao mercado; produtos e serviços financeiros adequados; ampliação da conectividade; insumos, ferramentas e maquinários adequados e de baixo custo; apoio e capacitação para melhor gestão e produtividade; acesso a alimentos in natura; produção próxima ao consumidor; acesso a refeições saudáveis; armazenamento de alimentos; prevenção & nutrição; e educação nutricional. O mapeamento traz, ainda, exemplos de negócios de impacto social que representam as principais inovações no setor. Acesse a íntegra do mapeamento.

Fonte: Assessoria de Imprensa Cargill