Há um paradoxo contemporâneo. Vivemos a sociedade da informação, com muitos canais de comunicação à disposição do público e muito conteúdo relevante que pode ser livremente acessado e consumido. Tudo está ao alcance de todos. Apesar disso, o brasileiro médio é mal informado sobre praticamente tudo, tem dificuldade para hierarquizar temas. Ele é fascinado pela imensidão de notícias falsas e conteúdos bizarros que infestam as redes sociais, os quais ele replica alegremente, cometendo crimes de calúnia, difamação e injúria, geralmente por alienação e não por má fé. Nesse cenário, o grande desafio das mídias – digitais, eletrônicas e impressas – é capturar a atenção da audiência.

Um setor essencial da sociedade brasileira que precisa frequentar a mídia é a agricultura. A agricultura brasileira é tecnologicamente moderna, ambientalmente sustentável e mercadologicamente competitiva. Ela assegura superávits na balança comercial do país com mais de 100 bilhões de dólares: não fosse ela, a balança seria negativa. E o mais importante e formidável: ela garante alimento acessível (barato) para toda a população. Conjugados, a agricultura e o agronegócio respondem por ¼ do PIB.

Com tantos atributos e tantos méritos, por que, então, a agricultura não é a área da atividade econômica mais amada do Brasil? Ou, por outro lado, porque a agricultura é objeto de tantas incompreensões de parte do governo e da sociedade? O emaranhado de normas ambientais, fiscais e trabalhistas que o Poder Público editou, nas últimas décadas, é assustador. Por outro lado, os programas de apoio ao campo vêm minguando, inclusive, há setores do governo que há anos defendem a extinção do sistema de crédito rural, deixando os produtores e empresários rurais entregues às agruras e aos abusos do mercado financeiro.

Um fato novo é a presença no Brasil de ONGs internacionais, financiadas por capitais externos, dedicadas a atacar os segmentos mais evoluídos de nossa pecuária, especialmente a criação intensiva de animais (aves, suínos, bovinos etc.), fingindo ignorar que temos a mais avançada cadeia produtiva da carne e somos pioneiros na adoção das políticas de bem-estar animal. Disseminar informações falsas e confundir a opinião pública é pusilânime vocação dessas organizações.

Essa situação motivou a entidade máxima de representação do setor primário da economia brasileira – a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) – a protagonizar e financiar, nos últimos anos, planos de comunicação concebidos e planejados para ampliar o nível de conhecimento e compreensão da sociedade em relação à agricultura verde-amarela. Esclarecer é a meta; informação é a ferramenta.

Uma nova ação está em curso, nessa linha de ação/reação, com a campanha Agro Forte, Brasil Forte e o emprego combinado de vários recursos de comunicação, com um forte viés jornalístico. Nesse aspecto, é justo reconhecer nas últimas duas décadas, grande parcela dos editores e jornalistas brasileiros abriu generosos espaços nas suas respectivas publicações para mostrar a complexidade, a dimensão, as agruras e as conquistas do agronegócio. Essa conduta independente e profissional ajudou muito e foi uma consequência dos extraordinários resultados que a agricultura produziu para o Brasil.

 Como grande e principal interlocutora, a CNA tem dialogado com os meios de comunicação e com todos os setores da sociedade nacional. Não se furta a nenhum debate. A agricultura é o orgulho do Brasil, seu passaporte para o futuro. As nações mais evoluídas comprovaram que o desenvolvimento e a paz social dependem de uma agricultura eficiente e avançada. Isso nós temos, isso nós somos.

Por José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)