Os agentes econômicos iniciaram este ano de 2018 oscilando entre posições de otimismo exacerbado e pessimismo moderado em razão das inúmeras variáveis imprevisíveis que se afiguram no horizonte. Nesse aspecto, as eleições nos planos federal e estadual concentram as maiores ansiedades e inquietudes de empresários, trabalhadores e investidores.

É inevitável reconhecer que, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o País experimentou uma fase de recuperação da economia, com recuou do desemprego, lenta retomada dos investimentos, controle da inflação e tênue – porém inequívoco – ressurgimento da confiança no mercado.

Escoimada a roupagem ideologia dos debates, é racional reconhecer que o Brasil precisa avançar nas reformas estruturantes. A reforma trabalhista foi um avanço que melhorou as condições de empregabilidade no mercado, aliviando empresas e empregadores de encargos insuportáveis. A reforma da Previdência é imperiosa – e outras devem se seguir para preparar o Brasil aos desafios dos novos tempos. O tamanho do Estado precisa ser reduzido, os privilégios contidos, a corrupção combatida e a eficiência geral vigorosamente ampliada.

O Congresso Nacional deixou de aprovar, ano passado, a reforma da Previdência e, assim, contribuiu para a queda na nota (avaliação) atribuída ao Brasil pelas agências internacionais de risco. É decepcionante perceber que, em 2018, os congressistas dificilmente aprovarão reformas estruturantes em face da proximidade com as eleições.

A agricultura e o agronegócio acompanham o quadro político-eleitoral com especial atenção. Nessa fase particularmente sensível da historia nacional, a campanha eleitoral e o desenlace das eleições presidenciais terão efeito direto sobre a economia. Há um nítido temor no mercado de que aventuras eleitorais com plataformas populistas, recheadas de propostas irrealistas e impraticáveis, minem as débeis conquistas econômicas. Essa situação pode ter um deletério efeito – o de afastar ainda mais os investidores internacionais e desencorajar os empresários e empreendedores brasileiros.

A agricultura e o agronegócio, em que pese a formidável contribuição ao desenvolvimento nacional, dependem em certa parcela de políticas públicas, como o sistema de crédito rural e os financiamentos de projetos agrícolas e pecuários. Também dependem de estruturas estatais para licenciamentos de empreendimentos e a certificação sanitária, como o Serviço de Inspeção Federal que atua nas indústrias de processamento de carne.

Os desafios da atualidade requerem alto senso de responsabilidade dos candidatos à Presidência e compromisso com os superiores interesses do País. Por isso, propostas radicais, excessivamente à direita ou à esquerda, não devem ser estimuladas. O grande desafio dessas eleições será substituir o ataque, o ódio e a intolerância pelo debate intelectualmente honesto, pelo respeito às ideias do adversário e pela obediência à lei.

José Zeferino Pedrozo – Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)

 

MB Comunicação Empresarial/Organizacional