Por Thiago Schossler,  Supervisor de Desenvolvimento Técnico de Mercado da Fast Agro, empresa focada no desenvolvimento de soluções para a fisiologia das plantas. Com 26 produtos em seu portfólio, a empresa agrega valor na cadeia de produção das culturas de soja, algodão, feijão e milho no cerrado do Brasil, Argentina e Paraguai.

De acordo com o Sistema Brasileiro de Solos da Embrapa, no Brasil existem basicamente treze tipos de solos. No primeiro nível categórico eles são denominados de classes, e são classificados em: Latossolos, Argissolos, Neossolos, Nitossolos, Cambissolos, Plintossolos, Gleissolos, Espodossolos, Vertissolos, Planossolos, Luvissolos, Organossolos e Chernossolos, cada um com características e potencialidades diferentes. Os três primeiros são os responsáveis por grande parte da produção de grãos do país.

Falando especificamente da soja, um dos grãos mais importantes para a economia brasileira, e que deve bater recorde na colheita de 2019/2018 com 122,2 milhões de toneladas, ela deve ser cultivada em solos profundos, de textura média (com no mínimo 15% de argila), bem drenados e com topografia plana ou levemente ondulada.

Um dos exemplos que atendem essas características é o Latossolo. No entanto, eles são naturalmente ácidos. Isso porque a faixa de pH ideal da soja é próxima a seis, nessa faixa de pH, há maior disponibilidade de macronutrientes e de micronutrientes. Necessitam, portanto, da correção da acidez com a aplicação de calcário, adubação fosfatada, potássica e fornecimento de enxofre e micronutrientes para obtenção de altas produtividades. Deve se também atentar-se ao correto balanço de nutrientes como, por exemplo, a relação entre Cálcio, Magnésio e Potássio. A relação ideal desses nutrientes, de acordo com o professor Eurípedes Malavolta é 50 a 60% de Cálcio, 15 a 20% de Magnésio e de 3 a 5% de Potássio.

Os Argissolos, assim como os Latossolos, também apresentam profundidade e topografia adequadas ao plantio de soja. Porém, a drenagem, devido a diferença de textura entre os horizontes, embora adequada, é um pouco inferior, ao dos Latossolos e essa diferença pode favorecer o processo erosivo dele. Portanto, são necessárias boas práticas de manejo do solo para reduzir o risco de erosão, como por exemplo, plantio direto, terraceamento, plantio em curvas de nível e cobertura do solo. Eles também são solos ácidos devido a lixiviação de bases e necessitam de cuidados com fertilidade semelhantes aos Latossolos.

Os Neossolos, como o próprio nome já diz, são solos novos que, geralmente, apresentam boa profundidade e drenagem e, são encontrados em diversos tipos de relevo. Mas, por serem bastante arenosos, precisam de mais atenção no manejo da fertilidade e formação de cobertura, uma vez que apresentam baixa retenção de cátions. Além disso, têm baixa capacidade de retenção de água e as plantas podem sofrer estresse hídrico com um tempo menor sem chuva. Com tantas especificidades, muitas vezes são necessárias aplicações de produtos para suplementar o fornecimento de nutrientes em algumas fases do desenvolvimento da cultura.

Em regiões de altas precipitações, como no Cerrado Brasileiro, ocorre a remoção dos cátions básicos Cálcio, Magnésio, Potássio e Sódio dos coloides do solo e substituição por íons de Hidrogênio e Alumínio, tornando os solos rapidamente ácidos e pobres nesses nutrientes. Ocorre ainda a fixação de Fósforo por Alumínio e Ferro, formando compostos insolúveis e, portanto, não aproveitáveis pelas plantas. Além disso, há baixa disponibilidade de Boro e Molibdênio, necessitando assim de suplementação para esses nutrientes. Os solos ácidos, geralmente, apresentam elevados teores de Ferro, Cobre, Manganês e Zinco. Contudo, para serem cultivados, esses solos necessitam correção da acidez.

A correção é feita com calcário e haverá um incremento nos teores de bases Cálcio e Magnésio e correção do pH do solo para valores próximo a seis. Porém, quanto mais o pH aumenta, menor a disponibilidade de Ferro, Cobre, Manganês e Zinco e as plantas podem, em algum momento, sofrer deficiência desses micronutrientes. Nessas condições, a aplicação deles via foliar pode suprir rapidamente a necessidade da planta.

Já em solos bastante arenosos, como é o caso dos Neossolos, a manutenção de uma camada de cobertura com por exemplo, brachiária, pode contribuir para reter mais água no solo. O que também pode favorecer o incremento de matéria orgânica, contribuindo para o aumento da capacidade desses solos em reter cátions. Caso não retenha, pode ocorrer a deficiência de nutrientes, principalmente, micronutrientes. Nesses casos, a aplicação foliar é forma mais rápida de suprir esses nutrientes.

Além disso, algumas dicas sobre a forma de plantar e cultivar as culturas podem contribuir com a produtividade. Confira algumas:

O primeiro passo e mais importante para garantir mais produtividade é conhecer o tipo de solo e seus teores de areia, silte e argila, suas potencialidades e pontos críticos;
Deve-se efetuar a correção do solo com calcário, buscando contemplar não apenas a camada mais superficial, mas todo o perfil;
Escolher o melhor calcário de acordo com os teores de Cálcio e Magnésio do solo a fim de manter uma boa relação desses nutrientes e, por vezes, quando necessário utilizando a associação de calcários;
Observar os níveis críticos de nutrientes em todo o perfil do solo por meio da análise, adubando com os nutrientes que estão abaixo do nível crítico e acrescentando de acordo com a extração da cultura;
Manter a camada de exploração das raízes livre de compactação, que impede a raiz de explorar todo volume de solo e de crescer em profundidade;
Manter uma boa cobertura no solo, visando protege-lo da erosão;
Incrementar os teores de matéria orgânica do solo que fornece e contribui para reter mais nutrientes, bem como reduzir a evaporação de água do solo;
Utilizar o plantio direto, terraceamento, plantio em curvas de nível, é de suma importância para evitar a erosão do solo, que leva a camada do solo mais rica em nutrientes.
Realizar um bom controle fitossanitário controlando plantas daninhas, insetos e doenças.
Por fim, é importante manter o olho na lavoura, ficar atento a possíveis sintomas e sempre estar apto a tomar atitudes rápidas para suprir possíveis deficiências. Bom cultivo!

 

Sobre a Fast Agro Fisiologia e Nutrição

Fundada em 2009, a Fast Agro é uma empresa focada no desenvolvimento de soluções para a fisiologia das plantas. Com 26 produtos em seu portfólio, a empresa agrega valor na cadeia de produção das culturas de soja, algodão, feijão e milho no cerrado do Brasil, Argentina e Paraguai.