Pense… em meu sistema de produção, dentre os vários fatores que interferem diretamente no resultado, qual é aquele que mais me traz dor de cabeça?

Se você respondeu “mão de obra”, provavelmente não está sozinho! Basta conversar com outros produtores, independente do setor ou região que atuam.

Produzir no Brasil não é fácil. Enfrentamos uma das maiores taxas de juros do mundo, um sistema tributário abusivo, infraestrutura precária e uma política trabalhista ultrapassada e com propostas tímidas de mudanças. Além disso, esbarramos na qualidade da formação dessa mão de obra. O maior entrave, no entanto, não é o valor das taxas e encargos trabalhistas, e sim, o retorno em produtividade. Segundo dados da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o crescimento médio ao ano da produtividade do trabalhador brasileiro entre os anos de 2002 a 2012, foi de 0,6%. Um número muito baixo, quando comparado a países como Coréia do Sul (6,7%) e Estados Unidos (4,4%).

Com o advento de novas tecnologias, cada vez mais precisamos de profissionais capacitados e bem preparados para assumir novas responsabilidades. Aí nos vem a grande questão? Se o Estado não está cumprindo seu papel na educação e formação desses profissionais, de quem é a responsabilidade para selecionar e preparar nossas equipes de colaboradores?

Como empresário, preciso entender o contexto macro e as dificuldades que encontro para produzir, porém, sei que grande parte do sucesso de meus negócios depende das minhas atitudes, especialmente na gestão das pessoas, porque não posso fazer tudo sozinho.

Se não quisermos que uma enfermidade acometa nosso plantel ou que aumentemos a produtividade de nossas lavouras, seguimos protocolos e adotamos práticas para fazê-lo, sustentados pela orientação de técnicos e especialistas. No entanto, não conseguimos a fórmula ideal para termos conosco sempre o melhor time de colaboradores, motivados e dispostos a ficar. A rotatividade de pessoal gera custos diretos, como encargos trabalhistas, além de perdas no processo produtivo e na motivação das equipes.

Gerir pessoas é com certeza muito mais complexo do que gerir processos, porque as variáveis são infinitas! Porém, na essência todos somos muito parecidos. Desejamos ser tratados com respeito e reconhecimento. Metas bem claras e divididas com todos, valores compartilhados e uma comunicação clara, sustentada na confiança e transparência, tem importância fundamental para o sucesso de qualquer negócio.

Analisando algumas pesquisas de clima aplicadas nas empresas, para avaliar a relação do colaborador junto aos demais colegas, gestores e a empresa como um todo, pode-se perceber que, dentro das metodologias usadas, coincidem as bases do trabalho realizado pelo Instituto Gallup e publicado no Livro Os 12 Elementos da Gestão de Excelência, de Rodd Wagner & James K. Harter. Nesse trabalho, foram entrevistados 1 milhão de colaboradores de vários países e selecionados os elementos em comum, que faziam das empresas onde trabalhavam, um ambiente ideal para se trabalhar. Chegaram a conclusão que, independente do setor que atuam, nacionalidade ou classe social, suas necessidades eram bem parecidas. Tais elementos, descritos abaixo, podem servir de base para avaliarmos a forma que estamos gerenciando nossas equipes, onde estamos indo bem e onde podemos melhorar:

1. Saber o que se espera
2. Materiais e equipamentos
3. Oportunidade de fazer o seu melhor
4. Reconhecimento e elogios
5. Alguém que se importe
6. Estímulos ao desenvolvimento
7. Sentir que suas opiniões contam
8. Forte ligação com a missão da empresa
9. Colegas comprometidos com um trabalho de qualidade
10. Um melhor amigo no trabalho
11. Conversar sobre seu progresso
12. Oportunidades de aprender e crescer

Quando olhamos para nossas empresas e para as equipes que gerimos, nos damos conta se cada um desses Elementos é realmente aplicado? Se conseguimos medir os resultados e, o mais difícil, mantêr o compromisso com as metas propostas e a evolução continua?

Produzir no Brasil requer um esforço extra para vencer obstáculos que estão além do que podemos controlar, como políticas econômicas e infraestrutura. No entanto, temos à mão inúmeras ferramentas para que consigamos alcançar melhores resultados. A qualidade e o bem estar de nossas equipes é uma delas. Pense…

Fabio Luiz Rocha é médico veterinário e consultor em gestão comercial

Entre em contato com o autor deste artigo: fabioluizrocha@hotmail.com