Por José Zeferino Pedrozo – Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)

Destaque internacional na produção de aves e suínos, Santa Catarina não apresenta a mesma exuberância em carne bovina. Na verdade, o Estado registra acentuada deficiência nessa área e importa de outras regiões 50% da carne bovina que os catarinenses consomem. Mesmo assim, a bovinocultura é uma atividade econômica relevante e está presente em 295 municípios. O rebanho bovino catarinense é formado por 5 milhões de cabeças, sendo 72% de fêmeas e 28% de machos. No território catarinense são abatidos, todos os anos, 610 mil animais, mas, como a produção é menor que a demanda, é necessário importar cerca de 130 mil toneladas/ano.

Para incrementar a produção de carne bovina e reduzir a dependência externa, a Federação da Agricultura e Pecuária de SC (Faesc) criou o Programa de Desenvolvimento da Bovinocultura de Corte de Santa Catarina em cooperação com o Senar e o Sebrae. Com o apoio de 27 Sindicatos Rurais foi possível capacitar 840 produtores de 73 municípios, organizados em 28 grupos.Totalmente gratuito, o programa proporciona evolução no nível de gestão, aumento da produção, incremento da renda líquida, melhorias na nutrição e no padrão racial dos bovinos de corte.

A metodologia do programa contempla um trabalho de apoio aos produtores para elevar a eficiência na produção de carne. Um exemplo é a adoção do protocolo de inseminação artificial por tempo fixo (IATF) que permitiu a ampliação no número de vacas prenhes de 41% para 69%. Isso interfere diretamente na qualidade e proporciona incremento de mais de 10% no valor de comercialização dos animais. Os pecuaristas inseridos no programa conseguiram otimizar em 7,5% a produtividade.

Os objetivos de elevar a produtividade e atingir alta qualidade estão sendo alcançados. O boi produzido aqui obtém o melhor preço do Brasil: mais de 150 reais a arroba. Santa Catarina está se especializando em novilho precoce (bovino abatido com até 30 meses de idade). É um dos dois únicos Estado que tem um programa de incentivo nessa linha – o outro é MS. O programa do novilho precoce foi instituído pela Lei 9.193, de 28/07/93, de minha autoria, na época deputado estadual, e regulamentado pelo decreto 2.908, de 26/05/98. Essa lei estimula a comercialização de novilho super precoce (idade até 20 meses) e novilho precoce (de 20 a 30 meses). Para inscrever-se, o criador deve procurar a Cidasc e fazer – sem custos – seu cadastramento.

Em face desses incentivadores resultados, em março ampliaremos de 840 para 1.500 o número de produtores rurais participantes e beneficiados pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em Pecuária de Corte. A qualificação de alto nível oferecida pelo programa, os seus efeitos na produção/produtividade e a excepcional condição sanitária de SC (área livre de aftosa sem vacinação) estabelecem as condições ideais para exportação. Em razão do treinamento intensivo dos recursos humanos e dos investimentos em genética, instalações, pastagens etc., a cadeia produtiva da pecuária de corte catarinense está predestinada a conquistar os mais exigentes mercados, como já fazemos com as carnes suínas e de aves.