Por Marco Ripoli, Ph.D. multi-empreendedor e fundador do O Agro Não Para

O Agronegócio resiste ao Covid-19, mas apresenta impactos no curto prazo, onde ocorre uma redistribuição de renda e gera perdedores e ganhadores. Por se tratar de um setor essencial, a alimentação é o menos vulnerável ao lockdown – ainda que com a desvalorização cambial que ajuda nas exportações, devemos esperar sérios problemas de crédito e liquidez nos próximos meses. Além disso, existe um duplo choque, pois a crise compromete a demanda e oferta de produtos.

A insegurança alimentar no mundo passa por uma recessão: quebras nas cadeias de suprimentos e restrições ao comércio internacional podem causar desabastecimento, volatilidade de preços, pânico e instabilidade social. A pandemia passará de uma crise de saúde para um a crise de segurança alimentar e o impacto será considerável sobre pequenos e médios agricultores.

Restrições ao comércio internacional se aplicam e se deve estar alerta ao risco de obstrução das cadeias logísticas. É importante manter os fluxos globais de comércio agrícola para evitar crises de fornecimento de alimentos e insumos. Controles rígidos de fronteiras e favorecimento da produção e dos produtores locais, por exemplo, são boas alternativas, assim como uma dinâmica geopolítica cada vez mais forte: acordos EUA-China de comércio internacional, Brexit e fronteiras fechadas na União Europeia, movimentos anti-globalistas e anti-imigração.

A mitigação da crise global pode ser feita apoiando financeiramente produtores rurais, monitorando mercados e preços, informando e conscientizando a população, evitando interrupções nas cadeias de suprimentos, apoiando a garantia da merenda escolar, mantendo os mercados abertos para transações internacionais e garantindo produtos perecíveis.

Fortalecer os sistemas de controle sanitário dos países, combater as zoonoses de animais selvagens, eliminar as vendas e abate de animais vivos em mercados sem controle sanitário são formas de reduzir os riscos futuros de outras pandemias. Assim como a valorização das cadeias de produtos congelados, em substituição a produtos perecíveis sem controle de qualidade.

O Agro não para!