Por Ivan Ramos, diretor executivo da Fecoagro

Na semana que passou aconteceu, em Brasília, um importante evento para o cooperativismo brasileiro. Cerca de 200 cooperativas de quatro ramos foram convidadas pela OCB para conhecer a devolutiva de um trabalho de vital importância para a moderna gestão nas cooperativas, desenvolvido pela Organização no programa de autogestão.

Em um trabalho eminentemente técnico e profissional, a Organização das Cooperativas Brasileiras vem acompanhando o desempenho de mais de 1.500 cooperativas dos ramos agropecuário, crédito, transporte e saúde, a fim de avaliar as práticas de gestão, a observância das normas legais, o desempenho institucional e os indicadores econômicos e financeiros das cooperativas analisadas, comparando-os com os resultados da autogestão, prática que vem sendo estimulada e incentivada desde a nova constituição do País que libertou as cooperativas do controle governamental.

Os indicadores e comparativos mostrados no seminário de Brasília serviram para que operadores técnicos e gestores executivos pudessem avaliar a situação de cada cooperativa no contexto em que atua e o mercado tradicional.

Existem diferenças de ações e resultados em cada ramo e região, mas o aprofundamento individual que o sistema GDA oferece a cada cooperativa que aderiu ao programa passa a ser um instrumento importante para a avaliação da gestão e aperfeiçoamento de práticas administrativas, visando à busca de melhores resultados aos associados.

De Santa Catarina uma delegação de 45 técnicos e gestores das 20 cooperativas que aderiram ao programa foi convidada a ir a Brasília e puderam conhecer os resultados a nível nacional, regional, estadual e de cada cooperativa, contribuindo para que haja ainda maior empenho nas providências de fornecimento de informações e alimentação do programa e serem corrigidos os pontos de ameaças nas gestões.

O que se lamentou no geral foi a resistência de algumas cooperativas que não aderiram ao programa.

A proposta da OCB é apenas contributiva, mas como acontece em várias áreas também nessa existem dirigentes de cooperativas que se acham autossuficientes e que não participam desse esforço de melhorar a gestão e, consequentemente, os resultados para as cooperativas e seus associados.

Além dos indicadores apresentados, fruto do apanhado de dados coletados extraídos de balanços e de procedimentos gerenciais nas cooperativas, o seminário contou com palestrantes de diversas áreas situando os presentes sobre aspectos da política e economia nacional, assim como, de temas relevantes de uma administração empresarial e cases de sucesso no próprio sistema cooperativo.

Ficou claro ainda que continuam presentes nas cooperativas práticas não recomendadas na autogestão. Uma delas a despreocupação de atuais dirigentes com a sucessão nas cooperativas.

Modelos de sucesso adotados por cooperativas que cuidaram desse assunto serviram para alertar a necessidade de providências nessa direção como prática de autogestão, mostrar aqueles que não se preocupam com isso e se acham eternos nas direções, que as mudanças terão que vir e que quem não faz no amor, acabará fazendo na dor, afetando diretamente aos resistentes e teimosos.

O intercâmbio de informações com mais de 500 cooperativistas do Brasil deve ter servido também para o alerta nesse sentido.  Quem esteve lá tem obrigação de propagar para aqueles que se omitiram que o cooperativismo atua de forma sistêmica e, como tal, precisamos agir de forma coletiva em todos os níveis. Pense nisso!