Por Ivan Ramos – diretor executivo da Fecoagro

Na reta final para escolha dos dirigentes da nossa nação e em alguns estados que ficaram para segundo turno, seria importante que a população tivesse o cuidado de ler as propostas de cada candidato, especialmente nos setores em que estamos envolvidos, para ter noção mínima do que eles estão prometendo para suas gestões se eleitos para Presidente da República e para governadores nos estados.

Hoje é bastante fácil acessar os planos de governos através da internet, e possibilita que qualquer cidadão possa conhecer as propostas. Embora o passado da nossa classe política tenha comprovado que nem sempre o que se promete se cumpre, mesmo assim é salutar saber das proposições até mesmo para cobrar dos eleitos os compromissos assumidos em campanhas eleitorais.

Eu tive o cuidado de ler as proposições dos dois candidatos a presidente e a governador do nosso estado. São diferentes as propostas em nível federal, até porque é notório o viés ideológico com maior radicalização no conceito de governar.

Enquanto um candidato defende a estatização, o protecionismo e o controle das massas, o outro prega o liberalismo econômico e o desenvolvimento privado e isso conflita em diversos pontos, cabendo ao eleitor escolher qual o modelo que prefere. É verdade também, que pouco de novo se apregoa na área agropecuária. O que está sendo citado é aquilo que já vem sendo anunciado por governos anteriores, que avança para mais ou para menos, dependendo dos ministros que estiveram no Poder, especialmente o ministro da Agricultura e o ministro da Fazenda que têm a gestão na área agropecuária. Um pela atividade intrínseca e outro por ter a chave do cofre que libera os recursos.

Na esfera estadual, nota-se um direcionamento para o mesmo lado, pois os dois candidatos têm o viés liberal, pelo menos nas propostas para o setor agrícola. Da mesma forma, pouco de novo ou quase nada, apenas proposições genéricas, mas com pouco detalhamento de como fazer. Um candidato tem sido mais analítico e detalhista nas proposições, mais consistente e entrando mais a fundo das propostas e o outro sucinto até demais nos pontos que pretende priorizar a agricultura. Sobre cooperativismo, quase nada em nenhum dos dois. Mas se lermos os dois planos, vamos ver que ambos enfocam a mesma coisa, e com isso não conflitam nas propostas.

O importante é que o que se apregoa seja cumprido. Existe um ditado popular que o papel aceita tudo, e na prática, a teoria é diferente. Não podemos negar que o governo estadual tem tido programas importantes para o agricultor, e que tem dado resultados pontuais para aqueles que são atendidos. Falta infraestrutura de transportes, armazenagem e outras obras que afetam o agronegócio, mas está havendo avanços progressivos e os números de produção e produtividade apontam para isso.

A incógnita para o produtor rural é saber se programas atuais irão continuar e se haverá recursos para tal. Foram diminutas as citações nesse sentido. De outra parte, cabe ainda um registro de mea culpa: todos nós sabemos que qualquer governante precisa de apoio parlamentar para levar adiante seus projetos, especialmente quando precisam de aprovações de leis em reformas importantes. O setor agropecuário e cooperativista mais uma vez falhou, em nível estadual e também federal. Candidatos identificados com o setor, que já comprovaram interesse pela classe, foram ignorados pelos eleitores. Deputados federais e estaduais que precisavam dos votos não contaram com eles e ficaram fora. Nosso setor continua sendo individualista. Prefere apoiar candidatos partidários, regionais ou com outros interesses, em detrimento àqueles que defendem o setor. Mais uma vez comprovamos que nossa classe é desunida na esfera política. Não pegamos juntos e isso pode nos custar muito caro para ver atendidas nossas reivindicações. Quando será que teremos consciência disso? Pense nisso.