Por Ivan Ramos, diretor executivo da Fecoagro/SC 

A segunda divulgação dos números do Censo Agropecuário, anunciados na semana passada pelo IBGE, tornou público mais um elenco de informações, aguardadas pelo setor agropecuário há mais de 10 anos. As divulgações que estão sendo feitas pelo órgão, aparecem como provisórias, uma vez que segundo eles, ainda não estão totalmente concluídas.

Há que se reconhecer que abrangendo o Brasil inteiro e em diversos setores, em mais de cinco mil municípios, com variadas características difíceis de serem entabuladas, pela sua abrangência e diversidade territorial, não é fácil realizar um trabalho como esse. No mês de maio, já foram anunciados alguns dados e agora outros, sempre em caráter provisório. Em que pese as avançadas tecnologias para obtenção e processamento de dados, continua demorada a conclusão do processo.

O setor agrícola cresceu e se desenvolveu muito nos últimos 10 anos, e a oferta de dados oficiais, além de demorada, tem sido insuficientes para se estabelecer políticas públicas e conhecer a realidade rural, não apenas pelo governo, mas para a iniciativa privada que hoje atua com agilidade e está conquistando mercados internacionais, e nossos clientes precisam de informações corretas, confiáveis e atuais do nosso País.

O que precisa ser corrigido mesmo nessas informações ora divulgadas são divergência de dados. Dentro do próprio governo, na área agropecuária existem dois órgãos que falam sobre previsões de safras, por exemplo. Geralmente as informações não batem.

A Conab divulga dados que diferem do IBGE e, aí, gera desconfiança aos usuários de quais são os corretos. Mesmo que haja enfoque e critérios diferentes dos métodos, é difícil compreender que no mesmo produto e mesma época possa haver divergência que acabam prejudicando inclusive os órgãos recenseadores.

Para ficarmos especificamente em SC, na última semana houve manifestações nos bastidores, que há importantes distorções nos dados divulgados pelo IBGE. A Secretaria da Agricultura tem órgãos próprios que acompanham o comportamento agropecuário, pois precisa de dados para estabelecer suas ações e até controles fiscais e sanitários exigidas pelos mercados e pela legislação, constatou números incoerentes nas informações divulgadas pelo IBGE mesmo no censo recente.

Há que se resolver isso. Não é possível existir números diferentes no mesmo setor. As eventuais divergências ocasionadas por critérios diferentes de levantamentos de dados precisam ser ajustadas antes da divulgação.

O IBGE, ao lançar o levantamento em SC, convocou todas as entidades do setor para colaborar. Realizou treinamentos, adotou equipamentos de novas tecnologias, mas parece que mesmo assim não houve procedimentos que levassem ao mesmo resultado. Já que se diz que os números são provisórios, espera-se que ao divulgar os números finais e definitivos haja maior convergência de informação, a fim de não continuarem as dúvidas de qual será o número correto.

Pode parecer pouco, mas os números existentes na Secretaria da Agricultura através das atividades cotidianas de suas entidades vinculadas representam muito em nível estadual. Se não houver integração e uniformização de procedimentos e de resultados, vamos continuar dependentes de dados oficiais, ignorando os instrumentos disponíveis com tecnologias avançadas sem atingir os objetivos preconizado no Censo Agropecuário.

De outra parte, há necessidade que os agricultores informantes forneçam os dados corretamente caso contrário não se terá a realidade dos fatos. Enquanto não houver a divulgação definitiva, temos que usar com restrições os dados divulgados no Censo Agropecuário. Pense nisso.