Por Neivor Canton e Marcos Antônio Zodan – Presidente e vice-presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos

Há um ano, em 18 de outubro de 2020, desaparecia o líder cooperativista Mário Lanznaster depois de quase 50 anos dedicados ao cooperativismo catarinense.

Nasceu no Vale do Itajaí, graduou-se na capital do Rio Grande do Sul, mas exerceu todas as suas habilidades profissionais e de liderança no oeste de Santa Catarina. Mário superou as dificuldades de uma infância de privações, obteve formação universitária com muito esforço e dedicou-se a vida inteira pelo que mais amava fazer: trabalhar. Encontrou no cooperativismo o campo fértil para derramar todo seu talento e seu arrojo como empresário rural, engenheiro agrônomo, gestor e estrategista.

O caminho inexorável da história revelará oportunamente, em toda a sua grandiosidade, a importância do papel de Lanznaster na modernização da agricultura, da pecuária e da agroindústria de processamento de grãos, leite e carne no sul do Brasil. Em 1968 iniciou como extensionista rural da extinta Acaresc (atual Epagri), um arrojado processo de modernização da arcaica suinocultura que se praticava na região. Seu trabalho destacou-se de tal forma que em 1974 aceitou exercer o cargo de assessor técnico da Cooperativa Central Oeste Catarinense (hoje, Cooperativa Central Aurora Alimentos).

Nunca mais se afastou do cooperativismo. Nesse episódio extremamente importante do desenvolvimento econômico barriga-verde, a trajetória de Lanznaster cruzou com a do inesquecível e emblemático precursor do cooperativismo Aury Luiz Bodanese. Ambos atuaram para erigir dois colossos do cooperativismo brasileiro: a Cooperalfa (uma das maiores cooperativas brasileiras do ramo agropecuário) e a Aurora Alimentos (a segunda maior cooperativa central do País e terceiro conglomerado da indústria da proteína animal).

Ao lado de Bodanese, Mário realizou um grande sonho e ajudou a construir um moderno parque agroindustrial para processamento das matérias-primas vindas do campo – missão que coube à Aurora. Esse fenômeno foi vital para a independência dos produtores rurais, sem dúvidas a maior conquista obtida pelo cooperativismo, pois os produtores deixaram de ser simples fornecedores de insumos e matérias-primas para liderar as longas cadeias produtivas ancoradas no multifacetado agronegócio verde-amarelo.

Uma característica que tornava singular a presidência de Lanznaster era a privilegiada condição de dominar profundo conhecimento sobre duas etapas essenciais da moderna agroindústria: a produção à campo e o processamento na indústria. Em decorrência da experiência, da prática e do estudo, ele conjugava esses dois imensos e complexos universos que envolvem sanidade, genética, manejo, equipamento, aditivos, embalagens e milhares de fatores que compõem a produção de alimentos seguros e de alta qualidade.

A valorização do trabalho, o amor à família, o apego à terra, a permanente busca da atualização científica e tecnológica, a oportunidade que sempre ofereceu aos jovens no campo e na indústria e a importância que dedicava aos colaboradores e cooperados revelam em Lanznaster uma liderança atual e sintonizada com os novos e desafiadores tempos. Aos 80 anos de vida, quando a Mãe Terra o chamou para descansar, Lanznaster ainda vivia, em toda a sua plenitude, o vigor espiritual e intelectual para novos, contemporâneos e necessários planos e projetos – para a Aurora, para a comunidade e para a região.

Continuar a obra de Bodanese e Lanznaster e dar cada vez mais eficiência e prosperidade ao cooperativismo em favor de milhares de famílias do campo e da cidade será a melhor forma de honrar sua memória e seus feitos.

Fonte: MB