Por José Zeferino Pedrozo – Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)

A análise do desempenho de uma atividade econômica na linha do tempo permite aferir a dimensão de sua contribuição para o desenvolvimento do País. A suinocultura catarinense é um caso clássico. Presente em todos os municípios e na maioria das 190.000 propriedades rurais, a suinocultura é uma das principais atividades do setor primário da economia catarinense. Encontra-se desde a minúscula unidade microfundiária até a grande e tecnologicamente sofisticada. No início do século, quando principiou o processo de ocupação e colonização do grande Oeste de Santa Catarina, a criação de suínos acompanhava, de forma tênue e incipiente, a atividade extrativa. Quando o ciclo da madeira exauriu-se, na década de 1950/1960, iniciava-se a expansão e o fortalecimento da suinocultura ao lado da produção de grãos e de leite.

O quadro atual não guarda nenhuma semelhança com os primórdios da atividade. A capacitação técnica dos criadores eliminou o despreparo e a falta de informações, a pesquisa científica ofereceu material genético de alta qualidade, a expansão e aperfeiçoamento da nutrição animal proporcionaram rações que otimizaram a produtividade. A zootecnia, a medicina veterinária e a engenharia oportunizaram criatórios adequados, técnicas avançadas, máquinas, implementos e equipamentos de manejo para tornar absolutamente racional e produtiva a suinocultura.

Hodiernamente, o Estado detém a maior, a melhor e a mais desenvolvida suinocultura do País. É o líder nacional em produção e em exportação. São 12,5 milhões de suínos produzidos anualmente (a partir de 452 mil matrizes) para abate industrial, ou seja, 26% da produção nacional. Responde por mais de um terço dos abates totais e por 40% dos abates industriais. Até 2020 crescerá entre 10% e 12% para 14,5 milhões de cabeças/ano com plantel permanente de 500 mil matrizes no campo. Esses números ganham vida e expressão quando cotejados com a pequena base territorial: Santa Catarina representa apenas 1,12% do território nacional. A dimensão social da suinocultura sobressai-se pelos 65.000 empregos diretos e 145.000 indiretos que gera em território barriga-verde.

O controle sanitário e a proteção ambiental sempre foram prioridades. Livre de zoonoses e epizootias, Santa Catarina conquistou o status de área livre de aftosa sem vacinação, condição privilegiada que a credenciou a disputar os mais exigentes mercados do planeta.

Impressionante notar que nos últimos 40 anos, com expressiva contribuição catarinense, o Brasil exportou 9,3 milhões de toneladas de carne suína para 120 países (foram 369 mil contêineres embarcados) que renderam 19,3 bilhões de dólares em divisas.

Por outro lado, os cuidados ambientais tornaram-se fatores determinantes no planejamento, na aprovação e na execução de empreendimentos suinícolas. Tratamento e destinação de dejetos, proteção das fontes de água e eliminação da poluição das águas superficiais tornaram-se absoluta prioridade. Em 1993 houve a última ocorrência de febre aftosa em SC. Em 2001 foi suspensa a vacinação contra a doença. Em 25 de maio de 2007 aOrganização Internacional de Saúde Animal aprovou, em Paris, o reconhecimento de Santa Catarina como área livre de aftosa sem vacinação. O papel da suinocultura ganhou novos contornos em face da conquista de mercados externos, como China, Estados Unidos da América, Japão, Coreia do Sul e a poucos dias o grande mercado da Índia.

Desde 2016, a Faesc e os seus Sindicatos Rurais, em parceria com o Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (ICASA) e as agroindústrias, atuam em conjunto para manter esse status sanitário – verdadeiro patrimônio dos catarinenses.