A bola da vez em qualquer atividade tem sido inovações tecnológicas. A rapidez e agilidade que essa atividade tem estado entre as pessoas são simplesmente impressionantes. A velocidade é tão grande ao ponto do que se anuncia hoje, pode estar superado amanhã. Esse foi o principal foco abordado pela grande maioria dos palestrantes no Encontro Nacional de Cooperativas Agropecuárias realizado na semana que passou em São Paulo.

A preocupação nesse tema é de que se os atuais dirigentes e gestores das cooperativas estão acompanhando o avanço dessas tecnologias, e se estão preocupados ou não em entendê-las, para poder gerir os negócios das cooperativas. Exemplos interessantes de processos identificados em cooperativas foram mostrados e ficou muito claro que, se os gestores não acompanharem a evolução, estão sujeitos a serem engolidos pela concorrência do mercado e ainda ficarem por fora dos controles que precisam ser feitos pela tecnologia da informação.

É preocupante o baixo nível de conhecimento e do uso de tecnologia da grande maioria dos dirigentes de cooperativas no Brasil. Há que se reverter esse comportamento.

Outro assunto que fez parte da agenda das discussões do encontro, onde participaram mais de 200 dirigentes de cooperativas agropecuárias de diversas regiões do país, foi a preocupação com a sucessão nas cooperativas. Esse tópico consultores e entidades institucionais externos tem procurado colocar na pauta das preocupações, mas poucos dirigentes estão tratando da sua sucessão. Para isso, há duas interpretações. Uma de que como está sendo feito e está bom, e acham que não precisa mudar e outra de que se estimular a discussão muitos dirigentes podem perder suas posições e sua renda.

Os palestrantes que abordaram esse assunto foram claros: precisa ser planejada a sucessão dos dirigentes nas cooperativas. Quem não fizer no amor, vai fazer na dor, afirmam. Foram apresentados processos de sucessão em desenvolvimento em uma cooperativa no Estado de SP, e ficou bem claro que somente após uma crise política com consequências financeiras a empresa tratou do assunto.

O que se espera é que se tome providência e se prepare os sucessores enquanto há condição de diálogo, pois numa disputa eleitoral o resultado tende ser muito mais doloroso. Temos que superar essa premissa de que isso só precisa para o outro e não para mim.

Os temas apresentados no Encontro de SP todos serviram para dar alerta aos dirigentes em todos os sentidos e atividades nas cooperativas. As cooperativas cresceram e se desenvolveram muito no Brasil, mas consultores especializados afirmam que ainda há muito a se fazer para manter uma boa gestão, e assegurar os resultados esperados pelos seus associados, e isso passa por uma gestão profissional.

O modelo de integração e intercooperação que a Fecoagro desenvolve em SC, também foi objeto de discussão, e mais uma vez ficou claro que nosso cooperativismo, embora de menor expressão econômica em números absolutos, tem sido eficiente no processo e integração, despertando curiosidade de alguns e até ciumeira de outros, especialmente daqueles que já tentaram fazer e de alguma forma fracassaram, mas continuam acreditando que são com as parcerias e união de esforços que se conseguirão mais avanços.

É necessário se despir do ego individual e a natural reação de resistência à mudanças de comportamentos tradicionais, que ainda continua sendo o principal empecilho para ser superado esse espírito de corpo e de individualismo.

No nosso sistema de integração cooperativista em SC ainda temos muito a avançar, mas nos demais Estados certamente terão que conseguir superar muitas adversidades que nós já ultrapassamos, embora ainda haja pessoas pensando no “eu” e não no “nós” e isso atrapalha o trabalho em conjunto que poderia ser bem melhor para todos. Pense nisso.

Por Ivan Ramos, diretor executivo da Fecoagro