O setor produtivo anunciou que o custo médio da produção agrícola deve aumentar até 50% com o tabelamento do frete. O dado faz parte de um balanço utilizado pela bancada do agronegócio no Congresso Nacional, que quer impedir a criação de um preço mínimo no transporte de cargas. Para convencer a opinião pública e deputados favoráveis ao tabelamento, a Frente Parlamentar da Agropecuária divulgou um balanço dos prejuízos ao setor, caso o preço mínimo dos fretes seja aprovado.

O estudo foi feito pelo Instituto Pensar Agro (IPA), reunindo informações de associações de produtores. A estimativa é de aumento do valor dos fretes em até 130% e alta de 12% no valor da cesta básica. O estudo aponta aumento de 6% no custo total da cadeia de leite e derivados, e aumento de custos de 30% a 35% no setor de base florestal. Na média, o aumento do custo de produção agrícola pode chegar a 50%. O valor é influenciado também pela possível inviabilidade de venda de produtos de baixo valor agregado, como calcário, por conta do custo de transporte.

As estimativas são baseadas em impactos já sofridos pela economia brasileira, desde que o tabelamento foi instituído pela ANTT, no dia 30 de maio. Segundo o IBGE, o índice de preços ao consumidor amplo subiu 2% em junho, uma das maiores altas dos últimos 20 anos, e que deve se acumular com o passar do tempo.

Para o presidente Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, “se analisarmos o texto da MP 832, a tabela é corrigida semestralmente pelo IPCA, então além do impacto inflacionário que já tivemos, esse impacto é permanente”, diz

De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a tabela tem preços distorcidos e que destoam do mercado. Hoje, segundo representante da organização, toda a produção agropecuária depende do transporte rodoviário, mesmo aqueles produtos que passam pelas ferrovias e hidrovias do país.

Autor do pedido de vista ao relatório da MP 832/18, na última audiência da Comissão Mista que trata do tema realizada no dia 4 de julho, o deputado federal Evandro Gussi (SP), coordenador jurídico da FPA, ressaltou que entende o momento político pelo qual o país passa, mas reiterou sua posição contrária à política do preço mínimo no frete.

Fonte: FPA -Frente Parlamentar da Agropecuária