De 49 para 45 milhões de toneladas. Essa foi a correção que a Bolsa de Comércio de Rosário trouxe na quarta-feira (10) para a nova safra de soja da Argentina. As condições adversas de clima, com o tempo muito quente e seco em importantes regiões produtoras do país, são as principais responsáveis por esta redução agressiva na estimativa.

O número surpreende, porém, vem a ficar mais próximo das estimativas de outras instituições, como a Bolsa de Buenos Aires, que estima 46 milhões de toneladas ou o próprio USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que projeta a colheita do país em 47,5 milhões de toneladas.

“A extrema variabilidade do clima coloca em xeque a ‘soja de segunda’ e a produção de oleaginosas como um todo, e faz lembrar as condições observadas na safra 2017/18. Fevereiro e os primeiros dez dias de março não trouxeram chuvas significativas em grande parte da área central, especialmente no leste. As perdas de produção e de área semeada são muito graves”, traz o reporte semanal da Bolsa de Rosário.

Os especialistas da bolsa afirmam também que ainda não é possível afirmar qual será o real volume colhido de soja na Argentina nesta temporada, principalmente se a falta de umidade se espalhar e se agravar no país.

Na última segunda-feira (8), algumas regiões receberam chuvas, porém, na ordem de apenas 1 milímetro, sem promover qualquer mudança nas áreas afetadas pela seca. E ainda de acordo com a bolsa e seus especialistas, um sistema de alta pressão continua atuando na região leste da Argentina, impossibilitando que as chuvas cheguem a áreas produtoras de soja e milho.

“O ciclo da soja mais uma vez sofreu um retrocesso nas condições climáticas e a partir de fevereiro passou por condições extremamente secas. Com solos sem reservas para soja de segunda, esta é a cultura mais afetada. Estima-se que 850 mil hectares serão perdidos devido à falta de água, que, em grande parte, é uma lavoura de soja de segunda”, informa a Bolsa de Rosário.

Como explica o consultor agrícola Gustavo Lopez, da Agritrend, da Argentina, muitas áreas que seriam cultivadas na primeira etapa da soja passaram à segunda devido aos problemas de clima, lavouras que acabaram, portanto, sofrendo muito agressivamente com a seca. São estes campos que, neste momento estão passando, afinal, pelo estágio de enchimento de grãos.

“Hoje, os produtores estão muito preocupados, pois esperavam chuvas na primeira quinzena de março e estas ainda não chegaram em algumas áreas. Assim, no melhor dos casos, no melhor dos cenários, estamos falando de uma safra de 46 milhões de toneladas”, diz. “As produtividades estão baixando mesmo em áreas muito boas de produção, como a Zona Núcleo, como norte de Buenos Aires e sul de Santa Fe”, diz Lopez.

Dessa forma, dessas 46 milhões de toneladas estimadas pelo consultor na melhor das hipóteses, a Argentina poderia exportar entre 6 e 7 milhões de toneladas, e processar entre 39 e 40 milhões de toneladas, apenas 1 milhão a mais do que no ano passado. “E isso quer dizer que teremos menos óleo e farelo, subprodutos, já que as condições impactarão os números finais”, explica o consultor.

Assim, Lopez relata ainda que as próximas duas semanas serão fundamentais, não só para a soja, mas também para o milho que está em desenvolvimento na Argentina. E para o cereal, a estimativa da Bolsa de Rosário é de 48,5 milhões de toneladas.

Da mesma forma, o consultor argentino ainda afirma que, no país, o monitoramento sobre as adversidades climáticas e o excesso de chuvas também continua a ser monitorado.

Fonte: Notícias Agrícolas com adaptações Suino.com