As primeiras indicações para a safra 2019/20 mostram que as exportações de milho do Brasil aumentaram para 29,5 milhões de toneladas, 15% a mais do que em 2018/19, de acordo com o mais recente Food Outlook da FAO.

Isso colocaria o Brasil como o segundo maior país exportador de milho do mundo, depois dos EUA.

De acordo com o relatório da FAO, ao longo da última década, a produção e a exportação de milho do Brasil sofreram um boom fantástico: a produção total aumentou de pouco menos de 52 milhões de toneladas em 2007/08 para quase 98 milhões de toneladas em 2017/18.

Esse crescimento na produção permitiu que o país aumentasse suas exportações de milho quase continuamente, alcançando 36 milhões de toneladas em 2015/16, uma época em que capturou quase 26% de participação no mercado mundial. Isso se compara a apenas 6 milhões de toneladas exportadas uma década antes, o que representava menos de 1% do total global.

De fato, o Brasil se tornou – por um tempo – o maior exportador de milho do mundo em 2012/13, quando uma estiagem severa danificou a safra de milho nos EUA.

As remessas de milho do Brasil para a Ásia saltaram de 1,5 milhão de toneladas em 2007/08 para um pico de 27 milhões de toneladas em 2015/16, fazendo incursões notáveis ​​em mercados importantes como a República Islâmica do Irã, Japão, República da Coréia, Vietnã e na Malásia.

Na África, onde as exportações de milho do Brasil expandiram de zero para pouco menos de 5 milhões de toneladas em menos de uma década, cerca de 30 países se tornaram clientes do milho brasileiro, liderado pelo Egito, Marrocos e Argélia.

Razões por trás do aumento

De acordo com o relatório da FAO, novas variedades de milho, expansão da produção para regiões de maior produtividade em Mato Grosso, a capacidade climática do país de produzir duas safras no mesmo ano, mudanças geográficas na alimentação do gado e apoio governamental direcionado estão entre os principais fatores que contribuíram para um rápido aumento da produção de milho no Brasil na última década.

A evolução dos mercados de câmbio também contribuiu para a expansão robusta das exportações de milho. O contínuo enfraquecimento da moeda nacional (Real) ajudou os exportadores a permanecerem competitivos e a expandir seus mercados muito além dos países vizinhos da América Latina para a Ásia e a África.

Infraestrutura tem sido fundamental

Outro fator que contribui para o papel emergente do Brasil como principal exportador mundial de milho durante a última década é a forte estratégia de investimento apoiada pelo governo para desenvolver portos e infraestrutura de transporte.

As mudanças no marco regulatório do país favoreceram as parcerias público-privadas na expansão rodoviária e ferroviária, bem como na melhoria da capacidade dos portos.

Em particular, os novos desenvolvimentos na fronteira agrícola centro-oeste, onde mais de dois terços da soja e milho do país são produzidos, impulsionaram o transporte de mercadorias para o norte (envolvendo uma distância muito menor do que os portos do sul), redução dos custos de exportação e tempo de entrega nos últimos anos, novos terminais se tornaram operacionais na chamada área do porto do Arco Norte.

Isso aumentou a participação da região no transporte de grãos. Em 2017/18, os embarques desses portos atingiram 10 milhões de toneladas, representando um aumento acentuado em comparação com menos de 0,5 milhão de toneladas registradas em 2011/12. De fato, enquanto os terminais do norte transportaram 9% do total de milho exportado do Brasil naquele ano, essa fatia subiu para 34% em 2017/18.

Os novos terminais no norte oferecem oportunidades de mercado muito melhores para compradores da América Central, Ásia e África, reduzindo custos de frete e aumentando a competitividade do milho produzido em Mato Grosso, Tocantins e Pará, todas importantes áreas produtoras no norte e nordeste do país.

Uma mudança nas estações

As exportações de milho do Brasil também mudaram seu padrão sazonal. Inicialmente, os embarques de milho permaneceram pequenos e geralmente ocorreram durante os primeiros meses da estação.

No entanto, desde 2010, uma parte crescente do milho foi exportada de agosto para janeiro, o que coincide com os meses de colheita do milho da segunda safra (safrinha), quando os estoques estão normalmente no auge do hemisfério norte – um desenvolvimento que gerou uma competição mais acirrada com outros grandes exportadores, em particular os EUA.

Na verdade, os embarques de março a julho do Brasil permanecem relativamente pequenos (representando pouco mais de 2% das exportações anuais), enquanto o período de agosto a janeiro agora representa a maior parte da atividade comercial do país, com as exportações mensais representando mais de 12% do total durante este período.

Fonte: FAO – Organizações das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura