O Brasil entrou na lista dos dez países que mais instalaram sistemas de energia solar no mundo em 2020, mesmo com impactos da pandemia de Covid-10 sobre o mercado do setor, mostraram na segunda-feira (24) dados da Agência Internacional de Energia (IEA) compilados pela Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar).

O maior país da América Latina registrou 3,15 gigawatts (GW) em novos empreendimentos de geração solar ao longo do ano passado, e alcançou com isso a nona colocação do ranking global, liderado por China, Estados Unidos, Vietnã, Japão e Alemanha.

O desempenho, que levou o Brasil a superar a Holanda, foi o melhor já atingido pelo país, que havia entrado no seleto “top 10” do setor antes apenas em 2017, quando ficou na 10ª colocação. Em 2019, o país esteve em 12° lugar.

Questionada sobre projeções para 2021, a Absolar não quis fazer uma estimativa específica, mas disse que “a expectativa é de subir no ranking”, dado o momento aquecido da indústria solar no país.

A entidade calculou que o setor solar movimentou cerca de 15,9 bilhões de reais em investimentos locais em 2020, enquanto para este ano as projeções apontam para aportes ainda maiores, estimados em 22,6 bilhões de reais.

Os fortes números vieram mesmo com o setor também sofrendo efeitos negativos da pandemia global de Covid-19, que teve o Brasil como um dos países mais atingidos.

As importações de equipamentos solares por empresas no Brasil despencaram a partir de abril, sob impacto de medidas de isolamento decretadas por prefeituras e governos para tentar conter a disseminação do vírus, mas voltaram a crescer no segundo semestre.

Detalhes

Segundo a Absolar, cerca de 80% das instalações fotovoltaicas no Brasil em 2020 foram de sistemas menores, conhecidos como geração distribuída, que geralmente envolvem placas solares em telhados para atendimento à demanda de consumidores residenciais ou empresas.

Também chamadas pela sigla “GD”, essas instalações somaram 2,5 GW em capacidade no país no ano passado, contra quase 617 megawatts de usinas de geração centralizada, de maior porte.

Neste ano, somados esses dois mercados, a expansão de capacidade poderia atingir 4,9 gigawatts, quase 56% superior à vista em 2020, segundo projeções da Absolar.

O crescimento deverá ser novamente puxado pelas instalações de geração distribuída, com aumento de 3,9 GW, enquanto grandes usinas somariam 1,1 GW.

Apesar do ritmo de expansão acelerado, a fonte ainda tem participação pequena na matriz elétrica do Brasil – usinas solares de grande porte respondem por menos de 2% da capacidade instalada atual, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Mas a tecnologia tem avançado rapidamente nos últimos anos, principalmente com impulso dos sistemas de geração distribuída, que foram em 2020 os com maior crescimento entre todas fontes de energia no Brasil em 2020.

A Agência Internacional de Energia disse em outubro passado que a energia solar deve comandar uma disparada na geração renovável prevista para a próxima década no mundo, confirmando-se como “nova rainha” dos mercados globais de eletricidade.

Fonte: Reuters