O Brasil implementou uma cota de importação de 750 mil toneladas de trigo por ano sem tarifas, em medida que valerá por prazo indeterminado, informou nesta quarta-feira o Ministério da Agricultura.

A cota com tarifa zero para o trigo foi anunciada em março quando o presidente Jair Bolsonaro visitou a Casa Branca, o que gerou preocupação na tradicional fornecedora do país, a Argentina, parceira brasileira no Merscosul. Mas somente agora a medida foi publicada.

A associação do setor Abitrigo disse anteriormente que a medida deve beneficiar principalmente produtores nos Estados Unidos, Canadá e Rússia.

O Brasil, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, é um importador líquido de trigo, uma vez que o cereal se desenvolve melhor em países com clima temperado.

O país produz cerca de 5 milhões de toneladas de trigo por ano, frente a um consumo total de quase 12 milhões de toneladas, o que exige importações anuais ao redor de 7 milhões de toneladas.

A maior parte desse volume vem da vizinha e parceira de Mercosul, Argentina, que por anos se beneficiou da tarifa zero aplicada a membros do mercado comum.

Os Estados Unidos têm sido um fornecedor regular de trigo para o Brasil, mas em uma escala bem menor. A Rússia também tem avaliado o mercado e já enviou um ou dois navios com cargas do cereal recentemente.

Segundo a Abitrigo, a medida provavelmente será aplicada a partir do próximo ano e a publicação nesta semana veio antes do esperado.

A medida vem pouco após a eleição na Argentina do candidato de esquerda e peronista Alberto Fernandez à presidência. Fernandez vem sendo duramente criticado pelo presidente Bolsonaro.

Mais cedo, o Ministério da Agricultura afirmou que a cota concretiza um compromisso assumido pelo país junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e que a implementação foi aprovada em reunião do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) na terça-feira.

Fonte: Reuters