Apesar de problemas pontuais de logísticas e algumas cidades fechadas, mais uma semana de quarentena vai se encerradndo no Brasil com o abastecimento de alimentos e demais produtos sendo feito adequadamente. Ao longo dos últimos dias, várias medidas foram reportadas por instituições públicas e privadas como forma de contornar os obstáculos impostos pela pandemia do novo coronavírus.

No início da semana, se especulava sobre uma paralisação dos caminhoneiros no Paraná, o que não se confirmou. Embora o fluxo de caminhões nas estradas seja um pouco menor agora em alguns pontos do país, com muitos postos de gasolina ficando fechados – apesar de serem considerados serviço essencial – não houve um estrangulamento do transporte de cargas no Brasil.

“Não tivemos registros de menor fluxo de caminhões ou até mesmo paralisações”, disse o presidente da Aprosoja PR, Márcio Bonesi.

Já o presidente da Aprosoja SP, Gustavo Chavaglia, o importante é manter o equilíbrio e a sensatez nas medidas tomadas, principalmente, entre os municípios. “A partir de certo cuidado equivocado por parte de alguns prefeitos que decretam o fechamento total e querem ficar no isolamento, esperam que a comida chegue ao supermercado sem que o caminhão leve. São poucos os relatos, mas isso acontece”, diz.

O resultado de medidas como estas acabam agravando a já severa situação em que se encontram bares, hoteis, restaurantes e estabelecimentos similares, ainda como explica Chavaglia. A ANR (Associação Nacional de Restaurantes) informa que o setor já demitiu mais de 800 mil funcionários em todo Brasil.

“Quaisquer atribuições impeditivas geradas por decretos em relação a possibilidade de assessorar os caminhoneiros em setores como alimentação, combustíveis, peças, serviços, borracharia, deixa o transportador prejudicado, talvez evitando fazer esse trabalho. E isso pode gerar desabastecimento”, alerta Chavaglia.

Da mesma forma, a cadeia leiteira, por exemplo, perde diariamente milhares de litros de leite não pelo fluxo logístico, mas com o efeito mais severo vindo da demanda bastante reduzida neste momento. Assim, a Abraleite (Associação Brasileira de Produtores de Leite) atua agora com o poder público de forma a trazer medidas que possam otimizar o escoamento da produção.

Junto do Ministério da Agricultura, a associação desenvolveu uma ação que “permitiu a autorização, excepcionalmente, para que os estabelecimentos que têem a marca do Serviço de Inspeção Federal (SIF) a receberem leite de estabelecimentos menores que atuam localmente”. Ainda de acordo com a Abraleite, “esta medida vai viabilizar que cooperativas e laticínios de pequeno porte, que estão com dificuldade em comercializar produtos de curta validade, possam vender, em caráter temporário, para laticínios maiores, os quais estão aptos a produzir lácteos de maior prazo de validade, como leite UHT (em caixinhas) e, também, leite em pó”.

Ainda sobre a normalidade do fluxo e abastecimento de produtos, o Cepea informa nesta sexta-feira (3), que “todas as as atividades da cadeia produtiva de frutas e hortaliças, consideradas essenciais ao abastecimento e à segurança alimentar da população, estão autorizadas a operar normalmente no Brasil, com base em decreto federal editado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na última quinta-feira, 26”.

E assim, afirma ainda que esta semana foi de maior regularidade entre os serviços.

“Neste cenário, colaboradores do Hortifruti/Cepea relatam que as atividades de campo, transporte e comercialização estão mais regulares nos últimos dias (30/03 a 02/04), adotando-se as medidas de prevenção ao coronavírus divulgadas pelo Mapa e pelo Ministério da Saúde. Embora a demanda por hortifrútis esteja relativamente melhor nesta semana, ao contrário da anterior, para outros produtos e em algumas localidades, ainda há menor escoamento”, explicam os pesquisadores do Cepea.

No entanto, a instituição afirma ainda que segue registrando problemas pontuais com a logística rodoviária de alguns produtos.

“No caso do transporte, também há relatos de desestímulo de caminhoneiros à viagem, devido à falta de carga para fretes de retorno (principalmente do Nordeste para Sul e Sudeste)”, completam.

Para auxiliar os caminhoneiros, o Ministério da Infraestrutura desenvolveu o aplicativo InfraBR, com funcionalidades de apoio, indicando onde estão localizados nas rodovias os serviços essenciais para que possam seguir suas atividades sem dificuldades ainda maiores.

Fonte: Notícias Agrícolas