A indústria agroalimentar brasileira está otimista, já que é beneficiada direta da crescente guerra comercial entre China e Estados Unidos. Dessa forma, vem estreitando laços com o país asiático. A informação foi divulgada pelo site Global Meat News.

Uma delegação do setor agropecuário brasileiro voltou otimista de uma missão comercial pela  Ásia no mês passado, informando que o governo chinês foi “muito receptivo” a abrir seu mercado para proteínas, frutas, grãos e laticínios brasileiros.

Antes de se lançar na missão comercial para aproximar-se dos asiáticos, a ministra da agricultura no Brasil, Tereza Cristina, disse que o impasse entre a China e os Estados Unidos sobre tarifas no comércio exterior poderia criar oportunidades de negócios para o Brasil. Em seu retorno ao Brasil, ela disse esperar que “bons resultados” se concretizassem “nos próximos dois a três meses”.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também fez parte da delegação, que viajou para China, Vietnã e Indonésia. O vice-presidente, Muni Lourenço, disse que fez “progressos importantes” com o governo chinês.

Segundo o Americas Quarterly, um dos obstáculos enfrentados pela missão comercial brasileira à China foram os danos causados ​​pela “retórica anti-China” do presidente Jair Bolsonaro e do ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo.

No entanto, o diretor de relações internacionais da CNA, Gedeão Pereira, estava se sentindo muito otimista com relação ao futuro entre os países. “A China precisa que o Brasil cresça e o Brasil precisa que a China venda seus produtos”, disse ele.

Ganhos de curto prazo

Michael Haverty, sócio da consultoria The Andersons Center, disse acreditar que os produtores latino-americanos, principalmente no Brasil, se beneficiariam de uma guerra comercial EUA-China. “Somado a isso, há também um surto de Febre Suína Africana na China (e em outros lugares), que está tendo um grande impacto na produção de suínos. Isso significa que o fornecimento de carne suína é reduzido e evidências emergentes da indústria sugere que outras carnes, incluindo carne bovina, são benéficas em termos de preço. “Para a soja, esse surto de peste suína africana provavelmente significará que a utilização da oleaginosa será reduzida na formulação das rações chinesas, o que poderia ter um efeito negativo sobre os preços da soja”, disse Haverty.

Segundo Victor Ikeda, analista do Rabobank Brasil, ambos produtores de soja brasileiros e argentinos, se beneficiariam de uma guerra comercial EUA-China pela perspectiva de preço, mas apenas no curto prazo. “Dados os possíveis impactos da guerra comercial no longo prazo na economia global, acredito que não é interessante para a demanda de soja”, disse ele.

O Rabobank prevê que a China também precisará aumentar suas importações de milho nos próximos anos. “Acreditamos que a China precisará importar 15 milhões de toneladas de milho até 2021/22, uma vez que há uma limitação para expandir ainda mais sua produção local. Mas ela só afetará as exportações de milho da América do Sul se a guerra comercial continuar por este período “.

Fonte: Global Meat News