Especialistas asseguram que sim e que não vai demorar muito

O Brasil consome o dobro de trigo do que produz. O cereal milenar ganhou ainda mais espaço em ano de pandemia. Com o isolamento as pessoas passaram a consumir mais derivados como pães e massas. Segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) as massas geraram R$ 2,6 bilhões em quatro meses e os pães encontraram 6 milhões de novos consumidores. Ainda aponta que o consumo de trigo cresceu 15% na quarentena.

Essa é uma oportunidade a qual muitos triticultores estão de olho. O trigo que tem maior produção tradicionalmente em estados como Paraná e Rio Grande do Sul, por ser adaptado à baixas temperaturas e inclusive exigir esse clima, está subindo Brasil afora. Já tem trigo de ótima qualidade no Cerrado e produtores do Nordeste apostando.

No último boletim da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no último dia 10 de novembro, o cereal aparece em dez estados brasileiros. Na Bahia a produção deve subir 3 mil toneladas e com produtividade de 5,7 kg/ha. No Paraná, maior produtor nacional, o índice é de 2,7 kg/ha. A produção deve crescer quase 90% no Mato Grosso do Sul e 75% no Distrito Federal. Em estados como Ceará há áreas experimentais, com excelentes resultados, que não entram na conta da safra oficial ainda.

Como isso é possível? Com genética, cultivares adaptadas e manejos especiais que vem de grande aporte de pesquisas na área. Grande parte deste trabalho é realizado pela Embrapa Trigo. O chefe-geral da unidade, Osvaldo Vieira, aposta que em cinco anos já se pode falar em autossuficiência no Brasil. Para isso a meta é expandir a área e que este trigo tenha valor comercial para o moinho. Outra necessidade é que as áreas tenham proximidade com a indústria para não encarecer os custos.

O produtor de Limoeiro do Norte (CE), Alexandre Salles, também acredita que o país pode produzir para suprir sua necessidade interna. A experiência de colher trigo pela primeira vez trouxe muitas descobertas e ele já testa áreas em outros estados como Maranhão e Piauí. “Eu acredito ser plenamente possível. Visitei pelo mundo regiões que produzem trigo com 38ºC. Por que não aqui?”, destaca. Salles alcançou uma produtividade excelente mas teve algumas dificuldades.

Fonte: Agrolink