A moagem de trigo no Brasil cresceu 3,4 por cento no ano passado ante 2017, para 12,2 milhões de toneladas, e a expectativa é de que volte a se expandir em 2019 diante do cenário de recuperação econômica, além de uma provável maior oferta, informou nesta terça-feira a associação da indústria Abitrigo.

“A tendência neste ano é que, se a economia voltar a crescer mais do que cresceu no ano passado… A tendência é de que a demanda aumente, e de que a expectativa de crescimento na moagem se efetive”, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), embaixador Rubens Barbosa, durante coletiva com jornalistas em São Paulo.

Para ele, contudo, a expansão no processamento de trigo não deve ser tão expressiva, já que a economia brasileira “não vai explodir”. Barbosa não fez uma projeção concreta para a moagem do cereal em 2019.

O mercado aposta em um crescimento de 2 por cento no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano, conforme a mais recente pesquisa Focus do Banco Central (BC), em meio a perspectivas de reformas macroeconômicas, como a da Previdência.

Mas outro fator que tende a contribuir para a moagem de trigo é a oferta.

Na semana passada, a consultoria INTL FCStone, por exemplo, projetou um salto na produção nacional de trigo neste ano, graças a uma melhora na produtividade após problemas climáticos em safras anteriores.

Nesse sentido, Barbosa voltou a defender a Política Nacional do Trigo, um conjunto de medidas elaborado pela Abitrigo visando a expandir a produção brasileira do cereal. O documento, divulgado no ano passado, já foi entregue à ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

“O objetivo da Política Nacional do Trigo é ampliar a produção nacional de trigo a médio e longo prazo… A grande vantagem… é que vamos corrigir uma situação importante para o Brasil: o trigo é o único grão que é importado…. O fato de depender do exterior é que tem um gasto muito grande”, afirmou o embaixador, destacando que segue como defensor do mercado livre.

O Brasil é um dos maiores importadores globais do cereal.

Segundo a Abitrigo, a área Norte/Nordeste respondeu pela moagem de 3,71 milhões de toneladas de trigo no ano passado. O Paraná moeu 3,47 milhões, Santa Catarina/Rio Grande do Sul, 2,17 milhões, São Paulo (1,65 milhão) e Centro-Oeste/Minas Gerais/Rio de Janeiro/Espírito Santo (1,16 milhão).

Do total moído, 56 por cento vai para panificação; 26 por cento para massas, biscoitos e outros produtos da indústria; 11 por cento para o varejo e 7 por cento para demais segmentos.

COTA

Barbosa também disse que uma cota de 750 mil toneladas para importação de trigo de fora do Mercosul sem tarifa, anunciada na semana passada, pode favorecer a indústria.

“Quanto mais competição tiver, melhor. Quanto mais competição, melhores preços… Do ponto de vista da indústria, o que interessa é a competição”, disse o presidente da Abitrigo.

Isso deve afetar a Argentina, tradicionalmente o maior exportador de trigo para o Brasil, bem como os produtores nacionais.

O anúncio da cota foi feito durante a visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, na semana passada. Embora válido para diversas origens, o volume livre de tarifa deve favorecer principalmente os Estados Unidos, o maior ofertante fora do Mercosul.

Para Barbosa, a eventual competitividade do trigo norte-americano no mercado brasileiro dependerá dos preços a serem praticados futuramente.

 

Fonte: Reuters / Por José Roberto Gomes