A posição dos Estados Unidos como o maior exportador de soja para a China foi deposta com a guerra comercial entre os dois países, revelou relatório do banco holandês ABN Amro.

Com os movimentos de peças no mercado, os fluxos de comerciais e a estrutura do mercado da soja mudaram. A China compra a maior parte de sua soja da América Latina, que registrou fortes avanços neste mercado nos últimos anos.

Em abril de 2018, a China anunciou uma tarifa de importação de soja dos Estados Unidos em retaliação às tarifas de importação de aço e alumínio impostas pelos norte-americanos. Como resultado, a disputa comercial entre os dois países aumentou ainda mais e fez com que o preço da soja na Bolsa de Chicago caísse para o nível mais baixo em dez anos.

Os fluxos comerciais de soja entre os Estados Unidos e China secaram rapidamente. No total, os volumes enviados ao país asiático caíram mais de 30% em 2018. A China, no entanto, continua fortemente dependente da soja estrangeira, já que o país é o maior consumidor mundial da oleaginosa. A China responde por quase 30% da demanda mundial de soja e cerca de 65% do mercado total de exportação é destinado ao país da Ásia. Para suprir a demanda por soja, os chineses começaram a olhar para o Brasil e a Argentina como seus principais fornecedores.

União Europeia compra mais soja dos Estados Unidos

O preço da soja norte-americana caiu nos últimos meses devido queda das vendas para a China. Enquanto os chineses estão dispostos a pagar um prêmio extra pela soja brasileira, a União Europeia começou a comprar mais soja dos Estados Unidos. Nas primeiras 27 semanas da campanha de 2018/2019, as importações de soja do bloco europeu vindas da América do Norte aumentaram 112% com relação ao ano anterior. Como resultado, as importações de soja da União Europeia do Brasil – o maior fornecedor de soja para o bloco atrás apenas de Estados Unidos – diminuíram 25%.

Já as importações de países como Canadá, Ucrânia e Paraguai caíram ainda mais, em uma média de 80% no mesmo período. O preço relativamente baixo não foi o único incentivo para a União Europeia comprar mais soja norte-americana. Há algum tempo, o país reclama que o mercado europeu de soja está protegido das importações norte-americanas. Para aliviar as tensões comerciais entre as duas potências,  regulamentações sobre biocombustíveis e o uso da soja foram flexibilizadas em janeiro. Isso abrirá caminho para mais importações de soja dos Estados Unidos em 2019.

Maior produção de soja na América Latina

Em 2018, os Estados Unidos, Brasil, Argentina, China e Índia juntos foram responsáveis ​​por quase 90% da produção mundial de soja. Nos últimos anos, a produção da oleaginosa  aumentou, particularmente na América do Sul. A participação brasileira no mercado está em alta desde 2001, período em que a produção cresceu mais de 170%. O mercado externo acredita que esse crescimento veio às custas das reservas naturais, o que aumentou as preocupações com o desmatamento na área do Cerrado. Isso acabará por se tornar um problema, à medida que a demanda por produção mais responsável e sustentável de soja aumentar globalmente. O crescimento na Argentina também foi forte; a produção aumentou 86% desde 2001. Em termos relativos, esse aumento foi menos prejudicial ao meio ambiente Hoje, o Brasil e a Argentina combinados têm uma fatia maior do mercado do que os Estados Unidos.

Fonte: All about feed

Editado pelo Suino.com