As cotações da soja tiveram na segunda-feira (12.02) mais um dia de preços mistos no mercado físico brasileiro, sem correspondência com o movimento registrado na Bolsa de Chicago (CBOT). De acordo com a T&F Consultoria Agroeconômica, em média os preços desceram 0,08% nos portos e subiram 0,22% no interior do País.

O analista da T&F, Luiz Fernando Pacheco, ressalta as fortes chuvas que caem em boa parte do País, atrasando a colheita da soja no Brasil: “O avanço da colheita está em apenas 10%, contra 19% no mesmo período de um ano atrás e 12% de média dos últimos 5 anos. O estado que causa mais preocupação é o Paraná, onde praticamente nada foi colhido até o momento (e continua chovendo), contra mais de 10% nos anos anteriores”.

Segundo ele, as chuvas que atingem algumas regiões produtoras do Brasil têm alguns efeitos danosos. Um deles é que alguns agricultores no Mato Grosso estão reportando elevação do percentual de grãos avariados. Outro problema é que as chuvas estão atrasando a colheita em todo o país, desde as regiões de Centro-Oeste até o PR.

“A condição das estradas volta a ser deteriorada, especialmente no norte do país. Com a demora na chegada da mercadoria nos portos, os navios programados têm um tempo maior de espera, ao custo médio de aproximadamente US$ 15.000/dia, o que tira muito da competitividade da soja brasileira no mercado internacional”, aponta ainda Pacheco.

No entanto, o analista ressalta que há fatores positivos: “Todos sabemos que há um litígio em andamento entre os EUA e a China, que deve favorecer o Brasil na compra de soja, embora haja outro bom motivo para isto: a excelente qualidade da soja brasileira, que tem 48% de profat, contra 44% dos EUA. Mas, é justamente este ponto que as chuvas estão afetando: chuvas na colheita, como agora, destroem a qualidade dos grãos, pelas avarias que causa (brotamento, apodrecimento, etc)”.

“No entanto, como a Argentina também está com problemas de produção, a demanda por soja brasileira não deverá cair nesta temporada. Ao contrário, deveremos ver um aumento da demanda por farelo e óleo de soja brasileiros no mercado internacional”, conclui.

Por: AGROLINK -Leonardo Gottems