O Índice de Captação de Leite (ICAP-L) registrou a terceira queda consecutiva em março, recuando expressivos 7,2% frente a fevereiro na “Média Brasil”. Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás apresentaram quedas acima da “média Brasil”, de 9%, 8,4% e 8,3%, respectivamente. Na sequência, ficaram Bahia, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais, com 7%, 6,9%, 6% e 5,9%. Nos primeiros quatro meses do ano, o ICAP-L já caiu 10,1%.

Ao contrário do observado em 2017, o primeiro trimestre de 2018 foi caracterizado pela oferta mais enxuta, impactada, principalmente, pela descapitalização de produtores. Os baixos preços recebidos no ano passado desestimularam a atividade e reduziram os investimentos. Muitos produtores saíram da atividade e o abate de vacas aumentou. Para os próximos meses, os menores volumes de chuvas, as temperaturas mais amenas e a menor qualidade das pastagens devem se intensificar, diminuindo ainda mais a oferta no campo.

A elevação do preço ao produtor também ocorreu como reflexo da valorização dos lácteos nos últimos meses. O acompanhamento das negociações do leite UHT (longa vida), principal lácteo negociado no País, evidencia isso. Segundo pesquisa diária do Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), a média de abril (até o dia 27) do UHT negociado entre indústrias e atacado do estado de São Paulo foi 4,4% maior que a de março, chegando a R$ 2,40/litro. De acordo com agentes de mercado, a demanda ainda está se recuperando, mas, em comparação com os últimos seis meses, está mais firme. Vale ressaltar, contudo, que o movimento altista vem perdendo força no mercado do UHT desde a segunda quinzena de abril. Nesse período, as empresas relataram maior necessidade em realizar promoções para garantir liquidez, de modo que, em abril, houve queda de 1,8%.

Se por um lado a oferta no campo tende a se reduzir ainda mais nos próximos meses, por outro, o consumidor já mostra dificuldades de absorver novas valorizações dos derivados. A maioria dos agentes consultados acredita em nova alta para o preço ao produtor nos próximos meses, ainda mais por conta do aumento do custo de produção atrelado à alta dos grãos. No entanto, a intensidade das variações vai depender da capacidade dos consumidores em absorver novas altas.

Fonte: Cepea