Em 2018, o Brasil exportou 83,60 milhões de toneladas de soja em grãos, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O volume embarcado foi recorde.

O país foi favorecido com a menor produção na Argentina na temporada 2017/2018, devido à seca, e do maior volume de compra dos chineses em função dos desentendimentos comerciais com os Estados Unidos. No ano passado, a China comprou 68,84 milhões de toneladas do Brasil, o equivalente a 82,3% de todo o volume exportado.

Para 2019, as expectativas são de redução das exportações. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima em 70 milhões de toneladas embarcadas este ano.

Os principais fatores que deverão levar a este cenário são o dólar em um patamar mais baixo em relação a 2018, e principalmente as incertezas com relação à demanda, com um provável acordo entre os norte-americanos e chineses.

Por ora nada foi formalizado, mas os dois países sinalizam isso. Inclusive com os chineses anunciaram a intenção de um incremento da ordem de 10 milhões de toneladas no volume adquirido dos Estados Unidos.

No entanto, quando analisamos as exportações norte-americanas nos primeiros meses deste ano, os volumes estão abaixo do esperado, inclusive com o produto sendo estocado a céu aberto, por falta de espaço nos armazéns.

Já no caso do Brasil, houve um crescimento de 85,2% nas exportações no primeiro bimestre comparativamente com o mesmo período de 2018, totalizando de 8,25 milhões de toneladas embarcadas. Deste montante, 85,3% teve como destino a China.

Ou seja, nos primeiros meses de 2019, a China continuou comprando o produto brasileiro em um ritmo ainda maior que em 2018. Neste caso, a safra e pressão sobre as cotações no Brasil, colaboraram com este cenário.

Em março, até a terceira semana, a média diária exportada foi de 532,45 mil toneladas de soja. Se este ritmo continuar até o final do mês, a estimativa é de que o volume atinja 10,12 milhões de toneladas, o que seria um volume 14,8% acima do registrado em março de 2018.

Veja essa simulação:

Considerando os dados parciais de março, o Brasil deverá fechar o primeiro trimestre com 18,36 milhões de toneladas exportadas. Ou seja, faltariam 51,64 milhões de toneladas para serem embarcadas de abril a dezembro, considerando as 70 milhões de toneladas previstas para esse ano.

Isto significa uma média embarcada de 5,77 milhões de toneladas por mês até o final do ano.

Para uma comparação, este volume é 26,9% menor que a média exportada por mês entre abril e dezembro do ano passado, o equivalente a 2,11 milhões de toneladas a menos por mês este ano.

Por fim, esta redução dependerá de como avançarão as conversas entre os Estados Unidos e a China.

Segundo informações publicadas pelo jornal O Estado de São Paulo em 20 de março, o secretário do Tesouro e o representante comercial dos Estados Unidos deverão viajar à China na última semana de março para uma nova rodada de negociações com o vice-primeiro-ministro chinês. Na semana seguinte, será a vez do vice-primeiro-ministro chinês ir a Washington.

Por Rafael Ribeiro

Fonte: Scot Consultoria