As exportações totais de carne suína tiveram forte recuo em janeiro, chegando ao menor volume desde agosto de 2019. A retração das compras por parte da China, principal destino do setor, motivou a diminuição dos embarques. Essa dependência das vendas ao país asiático já preocupa a suinocultura brasileira há algum tempo, o que tem levado o setor a buscar cada vez mais novos demandantes externos.
Dados divulgados pela Secex e compilados pelo Cepea, indicam que no total de janeiro, foram exportadas 62,2 mil toneladas de carne suína, considerando-se produtos processados e in natura, quedas expressivas de 24,4% na comparação com dezembro e de 8,6% frente ao de janeiro/20. Trata-se, também, do menor volume em 17 meses. Mesmo com a desvalorização do Real frente ao dólar em janeiro, a receita gerada pelo setor ainda foi a menor em 11 meses, puxada justamente pela queda no volume embarcado. Na média do primeiro mês de 2021, os embarques geraram ao setor R$ 779 milhões, sendo 19,6% abaixo do montante de dezembro, mas ainda 14,7% acima do observado em janeiro/20.

 

Exportações de carne suína in natura entre janeiro/20 e janeiro/21, volume e receita.

 

De dezembro a janeiro, os embarques à China recuaram 27,4%, totalizando 32,6 mil toneladas no último mês. Ainda de acordo com a Secex, a China foi destino de 52,5% de toda carne suína exportada pelo Brasil em janeiro, 2,2 pontos percentuais a menos do que em dezembro. A possibilidade das vendas à China se esfriarem em 2021 deixa o setor brasileiro em alerta, uma vez que as vendas externas contribuem para equilibrar a disponibilidade interna de carne suína, principalmente em períodos de consumo doméstico enfraquecido, como é o caso do cenário atual. Essa situação, inclusive, já foi vivenciada pelo setor. O incremento nas compras chinesas é recente – sendo verificado a partir de meados de 2019 – e, até então, o principal destino externo do setor suinícola nacional era a Rússia, que chegou a ser responsável por 38,2% dos embarques brasileiros em novembro/17. No encerramento de 2017, contudo, o país russo reduziu drasticamente as aquisições da proteína brasileira, trazendo forte recuo nos preços internos do setor.

 

Indicadores do Suíno Vivo CEPEA/ESALQ – Preços pagos ao produtor – janeiro/21 (R$/Kg)Fonte: Cepea/Redação Suino.com