O enorme rebanho de porcos da China está se recuperando rapidamente depois de ter sido dizimado pela peste suína africana, mas a produção de carne suína levará muito mais tempo para ser restaurada devido à baixa qualidade do novo rebanho, afirmam especialistas e analistas.

A produção de carne suína da China caiu para seu nível mais baixo em 16 anos em 2019, depois que a peste suína africana varreu fazendas em todo o país a partir de 2018.

Depois de ter perdido até 60% de suas matrizes reprodutoras até o segundo semestre de 2019, a produção de suínos no mercado despencou e os preços da carne suína dispararam para novas máximas, onde têm se mantido durante grande parte deste ano.

Mas depois que o governo chinês pediu em setembro passado uma reconstrução urgente da oferta de carne suína, os produtores despejaram bilhões de iuanes em novas fazendas, desencadeando uma rápida recuperação.

Em julho, o rebanho cresceu pela primeira vez em mais de dois anos, e em agosto deu um salto de 31% em relação ao mesmo mês do ano passado, informou o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais.

Alguns produtores até sugeriram que a reconstrução pode estar exagerada.

Mas os grandes números mascaram um rebanho menos produtivo. Com uma escassez tão severa de reprodutores, muitas novas fazendas estão mantendo as fêmeas que normalmente seriam abatidas para produção de carne para uso como reprodutoras.

Também conhecidas como fêmeas “cruzadas de três vias”, elas têm uma genética diferente que produz ninhadas significativamente menores, dizem os especialistas.

Elas agora representam pelo menos metade do rebanho reprodutor, enquanto quase não existiam antes, estimou Stephen Wilson, executivo-chefe da empresa líder de genética de gado Genus.

“Embora numericamente o rebanho de porcas esteja crescendo, ele está crescendo com baixa qualidade”, disse ele.

O rebanho de porcas cresceu pela primeira vez em junho e aumentou 37% em agosto na comparação anual, mostram dados do ministério. Mas o aumento vem de uma base baixa, disse Pan Chenjun, analista sênior do Rabobank.

Em agosto de 2019, o rebanho estava quase no nível mais baixo, após pesadas perdas com a peste suína africana no início do ano.

“Se você tirar os 50% de porcas cruzadas de três vias, realmente não é tudo isso”, disse Pan.

 Reuters