O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, o que corresponde a cerca de 6% do consumo global. Considerando que cerca de 70% dos produtos consumidos no País são importados, é possível ter uma ideia dos altos custos enfrentados pelos produtores. Sem falar nos impactos ambientais.

O Conexão Ciência desta terça-feira (04/09) apresenta as ações desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com instituições de pesquisa e ensino nacionais e internacionais, para racionalizar o uso desses produtos e introduzir novas fontes de nutrientes na agricultura brasileira (assista abaixo). O programa, produzido em parceria entre a Embrapa e a TV NBR, do governo federal, vai ao ar todas as terças-feiras às 19h15, e depois fica disponível no canal da emissora no YouTube.

O entrevistado é o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Solos, unidade de pesquisa da Embrapa no Rio de Janeiro, RJ, Vinícius Benites. Segundo ele, a utilização de técnicas sustentáveis de manejo do solo, como o plantio direto, é uma das opções para tornar a fertilização mais econômica aos produtores. Benites destaca também as BPUFs (boas práticas de utilização de fertilizantes), que aliam ferramentas de gestão estratégica ao uso racional de fertilizantes, aproveitando melhor os recursos naturais.

Rede FertBrasil

A principal iniciativa da Embrapa nessa área é a Rede FertBrasil, um projeto liderado pela Embrapa Solos, que integra cerca de 130 pesquisadores de 73 instituições de pesquisa e extensão,  20 unidades de pesquisa da Embrapa e 22 empresas privadas do ramo de fertilizantes. O objetivo é desenvolver, avaliar, validar e transferir produtos e processos que contribuam para o aumento de eficiência e introdução de novas fontes de nutrientes na agricultura brasileira.

Já o segundo bloco do programa tem como tema central a utilização sustentável do fósforo na agricultura brasileira. De acordo com Benites, este nutriente é vital para a saúde e vigor das plantas, junto com o nitrogênio e o potássio. “Mas é um recurso natural que pode entrar em escassez num futuro não muito distante. Nossa preocupação hoje é investir em pesquisas para avaliar de que forma isso pode afetar a segurança alimentar do Planeta”, complementa.

Um estudo recente, capitaneado pela Embrapa Solos, mostra que metade do fósforo aplicado na agricultura brasileira em forma de fertilizante inorgânico nos últimos 50 anos continua na terra. Esse legado, avaliado hoje em mais de U$ 40 bilhões, pode ajudar o Brasil a se precaver contra uma possível escassez futura do nutriente ou variações no preço do insumo.

Este ano, o Brasil foi pela primeira vez sede da 6ª Cúpula Sustentável de Fósforo, um fórum mundial que reuniu representantes de 15 países na Sede da Embrapa em Brasília. Benites, que coordenou o evento, afirma que de cada 1.000 kg de fósforo coletados na natureza, apenas 1 kg é utilizado na alimentação humana. “Estamos empenhados em monitorar o processo de extração do solo para reduzir essa perda, além de investir em práticas de manejo do solo”, finaliza.

 

Fonte: Embrapa