No evento, serão discutidas potenciais formas de cooperação entre os dois países para desenvolvimento da agricultura sustentável

Representantes do governo, setor produtivo e sociedade civil do Brasil e da China se reúnem a partir desta quinta-feira (20) para discutir a sustentabilidade na agricultura. A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, participou, hoje, da abertura do Diálogo Brasil-China sobre o tema, em evento online, realizado pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) e o think tank chinês Institute of Finance and Sustainability (IFS).

“A sustentabilidade é um conceito inerente à agropecuária do Brasil. Investimentos, nos últimos 50 anos, em ciência e inovação permitiram a adaptação altamente produtiva de variedades de plantas e animais aos trópicos. A intensificação sustentável, com produção integrada de grãos, carnes e florestas, possibilitou a realização de duas, ou mesmo três, safras por ano na mesma área”, declarou a ministra brasileira.

A China é o principal parceiro do agronegócio brasileiro, tendo o Brasil como um dos mais importantes fornecedores de alimentos para a população do país asiático. “Construímos uma relação de confiança na entrega perene, com qualidade, inocuidade e sustentabilidade, em escala suficiente para contribuir com a segurança alimentar da China”, complementou Tereza Cristina sobre a parceria sino-brasileira.

A sustentabilidade na agropecuária é um tema de fundamental importância para ambos os países, que buscam conciliar segurança alimentar e preservação do meio ambiente com uso de inovações tecnológicas e aumento da produtividade. É o que destacou o ministro da Agricultura e Assuntos Rurais da China, Tang Renjian.

“Promover a sustentabilidade depende de uma cooperação internacional baseada em boa-fé, confiança mútua e benefício recíproco. O Brasil é o primeiro país em desenvolvimento a criar uma parceria estratégia com a China e também um importante parceiro no agronegócio”, disse.

O evento vai explorar potenciais formas de cooperação entre os dois países nessas áreas e apresentar práticas corporativas ligadas à agricultura sustentável. Ao longo de dois dias serão realizados quatro painéis sobre assuntos fundamentais para a cooperação sino-brasileira: finanças verdes, agricultura sustentável, biodiversidade e economia circular.

Também será discutida a relação entre agricultura sustentável e biodiversidade, considerando-se que a China sediará em outubro a COP15 sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas.

Baixa emissão de carbono

A produção agropecuária com baixa emissão de gases de efeito estufa já é realidade no Brasil e foi apresentada pela diretora do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Mariane Crespolini.

De importador de alimentos básicos na década de 1970, o Brasil, atualmente, é considerado o celeiro do mundo, responsável pela alimentação de mais de 1 bilhão de pessoas em 180 mercados. A cada quatro pratos de comida servidos no mundo, um conta com ingredientes originários do Brasil.

Para manter tamanha produção sustentável, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desenvolveu o Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que, na última década, permitiu ultrapassar a meta de mitigação de carbono na produção agrícola, atingindo 50 milhões de hectares. Ou seja, 20% da área cultivada brasileira passaram a adotar práticas de baixa emissão de gases de efeito estufa a partir de tecnologias como integração lavoura-pecuária-floresta, plantio direto e fixação biológica de nitrogênio.

O Plano ABC foi atualizado até 2030 e busca avançar nas soluções tecnológicas sustentáveis para a produção no campo e a melhoria da renda do produtor rural, com foco no enfrentamento da agropecuária às mudanças do clima. “Chamado de Plano ABC+, é uma forma de estreitar as relações bilaterais e econômicas”, ressaltou Crespolini.

Outra ação citada no evento foi a certificação “Carne Carbono Neutro”. Produtos com esse certificado já estão disponíveis nas gôndolas dos supermercados e é garantia de que o gado é criado com manejo adequado das pastagens e em áreas com árvores plantadas (integração lavoura-pecuária-floresta), neutralizando, assim, o metano exalado pelos animais, além de conferir maior bem-estar animal.

Na sexta-feira (21), o secretário-adjunto de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério, Cléber Soares, participa do painel Agricultura Sustentável e Biodiversidade.

Brasil-China

Fundado em 2004, o Conselho Empresarial Brasil-China é uma instituição bilateral sem fins lucrativos formada por duas seções independentes, uma no Brasil e outra na China, e dedicada à promoção do diálogo entre empresas dos dois países.

O CEBC concentra sua atuação nos temas estruturais do relacionamento bilateral sino-brasileiro, com o objetivo de aperfeiçoar o ambiente de comércio e investimento entre os países. Em 2015, o Conselho foi reconhecido oficialmente no Plano de Ação Conjunta assinado entre o Brasil e a China, como o principal interlocutor dos governos na promoção das relações empresariais entre os dois países.

Fonte: Mapa