A pecuária leiteira é um negócio muito rentável. Porém, seu máximo retorno econômico depende da adequação de inúmeros fatores, sendo a reprodução um dos pontos mais importantes. Saber como está o intervalo entre partos (IEP) é fundamental para determinar em que estágio de eficiência reprodutiva a fazenda se encontra. Dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) mostram um aumento de cerca de 8% na produção, a cada 30 dias de redução do IEP.

“Isso nos dá uma ideia de como a produção pode aumentar em um rebanho com longos intervalos entre partos, como 18 meses de IEP, por exemplo. O aumento da produção pode ser de até 48%, quando saímos de 18 meses para 12 meses de IEP. Esse índice é muito significativo para um setor em que o lucro vem por centavos, no ajuste dos mínimos detalhes dentro da fazenda”, explica Giovani Batista Pastre, veterinário da Virbac.

Mas, como chegar a esses 12 meses de IEP? Ter uma reprodução eficiente é a base para alcançar este patamar. “Quando falamos de reprodução em bovinos de leite, temos inúmeros fatores envolvidos nas perdas gestacionais ao longo desse período. A estimativa de perda é de 25% no início da gestação, com repetições de cio e morte embrionária até os 42 dias de gestação. Dos 42 dias até o parto, são registradas com frequência perdas na ordem de 10%”, afirma o especialista.

De acordo com Giovani, existem diversas causas para essas perdas e podem ser destacados os seguintes fatores:

  • As doenças reprodutivas, segundo estudos da Embrapa, têm grande impacto e representam de 40 a 50% de todos os problemas encontrados na pecuária de leite.
  • Dados de laboratórios especializados mostram que mais de 90% dos rebanhos têm presença de IBR e BVD; mais de 82% registram leptospiras; e entre 23 e 72% dos rebanhos têm presença de campylobacter.
  • Falha nutricional, envolvendo desde um volumoso de qualidade com quantidade insuficiente, até o fornecimento de ração balanceada e sal mineral em quantidade abaixo do necessário, de acordo com a produção das vacas.
  • Alimentos mal conservados podem trazer micotoxinas, o que resulta em falhas reprodutivas e menor produção de leite.
  • Se a dieta não for balanceada, pode resultar em excesso de proteína, levando ao aumento do nitrogênio circulante, que é tóxico para o embrião.
  • Problemas de estresse térmico, principalmente em regiões onde as temperaturas são mais altas.
  • Problemas relacionados ao manejo de sêmen, como conservação, momento da inseminação e habilidade do inseminador, podem resultar em taxas baixas de concepção.
  • Infecções uterinas, muitas vezes decorridas de um processo anterior, como a retenção de placenta.

Leptospirose

É uma zoonose com presença forte em fazendas de leite e corte, e tem origem no contato dos bovinos com roedores e animais silvestres. A contaminação pode ser direta ou indireta, como o contato de roedores com a ração que será destinada ao consumo dos bovinos ou com aguadas usadas pelo rebanho (capivaras, por exemplo); presença de roedores em saleiros e cochos de fornecimento de silagens e rações.

“A partir da contaminação de uma única vaca, vemos o problema relacionado com reprodução, repetição de cio, morte embrionária ou aborto neste animal. Além disso, ela passa para o estado de ‘portador renal’ e, toda vez que urinar, vai soltar no ambiente urina com presença de leptospira, o que pode agravar ainda mais os problemas reprodutivos da fazenda, pois esta vaca tem alto risco de contaminar outras no rebanho”, alerta Giovani.

Para o controle de leptospirose ser eficiente, são necessárias diversas ações, entre elas: controle de roedores, para evitar que tenham contato com alimentos e contaminem mais vacas; bloqueio de acesso de vacas contaminadas a áreas alagadas, para evitar a transmissão a outros animais; tratamento de vacas que apresentam problemas de repetição de cio, morte embrionária ou abortos, imediatamente após a ocorrência; tratamento de todas as vacas na secagem, dando sequência até tratar toda a vacada.

“Além de tomar essas medidas relacionadas ao ambiente e tratamento dos animais, é preciso vacinar todas as vacas em reprodução para ter uma proteção efetiva. Existem várias vacinas disponíveis no mercado, mas estudos mostram que a maioria delas não tem boa eficácia para prevenção de leptospiroses”, afirma o especialista. Giovani ainda ressalta que o programa de vacinação para leptospirose deve ser intensificado de acordo com o desafio de cada fazenda, sempre com avaliação do médico veterinário, para ajustar o melhor programa.

BVD – Diarreia viral bovina

A BVD é uma doença que causa importante impacto econômico na atividade leiteira. Nos animais gestantes, podem ocorrer os sintomas reprodutivos, como abortos, natimortos, má formação fetal e absorção embrionária. Além desses sintomas reprodutivos, a doença pode levar os animais a um quadro de imunossupressão, deixando-os vulneráveis a outras enfermidades e, ainda, reduzir a produção de leite.

Os animais persistentemente infectados (PI) são procedentes de mães que tiveram contato com o vírus, entre 40 e 120 dias de gestação. Eles são a fonte de transmissão viral, pois mantêm o vírus no rebanho. “Apesar de muitos animais PI nascidos terem algum problema visual relacionado com deficiência ou desenvolvimento reduzido, muitos deles nascem com aspecto normal e acabam fazendo parte do rebanho, o que aumenta o impacto negativo da doença no plantel”, diz Giovani.

As principais vias de eliminação do vírus são: secreções nasais, saliva, sangue, fezes e urina. Em rebanhos onde os animais não tiveram nenhum contato prévio com o vírus e não possuem qualquer tipo de imunização, podem ocorrer surtos esporádicos com altas taxas de aborto, após a infecção inicial. Para controle de BVD, o ideal é a identificação e eliminação de animais PI, uma técnica ainda pouco disponível no campo, com o uso paralelo de vacinação sistemática de todo rebanho. Os intervalos de aplicação devem ser ajustados de acordo com orientação do médico veterinário, podendo ser intensificadas em casos de presença forte de BVD, identificada por exames sorológicos.

IBR – Rinotraqueite Infecciosa Bovina

A IBR é uma doença causada pelos Herpes vírus bovino tipos 1 e 5. A vaca se contamina quando exposta a animais portadores. Uma vez contaminado, o gado permanece positivo por toda sua vida, pois o vírus fica em estado de latência. Quando ocorre queda de imunidade nesses animais, o vírus reativa e causa problemas relacionados à reprodução e doenças respiratórias.

Os sintomas reprodutivos apresentados são repetições de cio, morte embrionária e abortos. A manifestação clínica do vírus no sistema reprodutivo compreende lesões herpéticas, levando à infertilidade temporária dos animais. Com relação aos sintomas respiratórios, podem verificados corrimento nasal, tosse e secreção ocular.

“O objetivo da vacinação do rebanho para IBR é manter as vacas positivas com alta imunidade frente aos vírus, impedindo que ocorra a manifestação clínica nestes animais, e também proteger as vacas negativas, evitando sua contaminação por eventual contato com animais infectados. A vacinação usada de forma contínua no rebanho quebra a cadeia epidemiológica da doença, pois as vacas positivas acabam sendo eliminadas por diferentes fatores e substituídas por novilhas negativas, que já entraram no esquema de vacinação desde bezerra”, explica o veterinário.

Campilobacteriose

Campilobacter é uma bactéria que tem presença nas criptas prepuciais de touros. No momento da monta, os animais transmitem a bactéria para as vacas, ocasionando problemas que vão desde repetições de cio até abortos entre 5 e 6 meses de gestação. O controle ideal é a avaliação frequente dos touros, por meio de testes de raspado prepucial e cultura de campilobacter. “Como esse procedimento é pouco usado no campo, a melhor forma de prevenção é a vacinação, tanto das vacas quanto dos touros, protegendo contra a bactéria”, completa Giovani.

Bovigen Repro Total SE

Dedicada à elaboração de produtos de alta qualidade e eficiência, a Virbac oferece, para prevenção das doenças reprodutivas, a Bovigen Repro Total SE. A vacina é a mais completa disponível no mercado brasileiro e possui em sua composição antígenos para proteção de 15 enfermidades distintas, incluindo diferentes tipos de IBR, BVD, leptospiras e campilobacter.

Fonte: Assessoria de Imprensa