As cotações da soja em Chicago iniciaram o mês de maio em forte baixa, com o bushel, para o primeiro mês cotado, fechando o dia 02/05 (quinta-feira) em US$ 8,30, contra US$ 8,59 na semana anterior. A média de abril ficou em US$ 8,83, contra US$ 8,96/bushel em março. As cotações deste início de maio são as mais baixas desde meados de setembro passado. Por sua vez, o farelo foi cotado a US$ 292,40 por tonelada curta em Chicago, a mais baixa cotação desde meados de setembro de 2017. Já o óleo de soja bateu em 27,23 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa, cotação esta que não era atingida desde a segunda semana de novembro de 2015.

Esta forte baixa em Chicago nas últimas semanas está ligada ao clima nos EUA, na medida em que as constantes chuvas continuam a retardar o plantio do milho, levando o mercado a especular uma transferência de área para a soja, fato que aumentaria o potencial de produção para esta nova safra. Além disso, apesar das expectativas em relação ao término do litígio comercial entre EUA e China, as negociações ainda continuam e o mercado já está absorvendo a ideia de que, talvez, apenas em meados do corrente ano poderá se ter uma conclusão adequada do processo. Enfim, a peste suína africana, que atinge os planteis suinícolas da China está intensa e, parece, sem controle, forçando o abate de milhares de animais. Este fato reduz o consumo de ração, o qual reduz o consumo de farelo de soja e, por sua vez, diminui as importações chinesas de soja.

Neste contexto, as exportações líquidas de soja por parte dos EUA, referentes ao ano comercial 2018/19, atingiram a 596.300 toneladas na semana encerrada em 18/04, ficando mais uma vez abaixo da média das quatro semanas anteriores, desta vez 15% abaixo. Mesmo ficando dentro do que o mercado esperava, o volume é muito baixo para animar os preços.

Já as inspeções de exportação de soja, por parte dos EUA, atingiram a 491.600 toneladas na semana encerrada em 25/04. No acumulado do atual ano comercial o volume atinge a 31,5 milhões de toneladas, contra 43,5 milhões em igual momento do ano anterior. Ou seja, já há uma defasagem de 12 milhões de toneladas no volume inspecionado do corrente ano em relação ao ano anterior.

Em paralelo, o plantio da nova safra de soja nos EUA avançou para 3% da área esperada até o dia 28/04, contra 6% na média histórica para esta data. Mesmo assim, o mercado não se mostra preocupado, pois o período de plantio da oleaginosa ainda é longo e há a possibilidade de a área aumentar às custas do milho.

Vale destacar ainda que no dia 10/05 teremos o relatório de oferta e demanda mensal do USDA. O mesmo será o primeiro a projetar volumes para a nova safra de verão estadunidense.

Enfim, analistas privados avançaram que a safra sul-americana deverá atingir a mais de 183 milhões de toneladas nesta última colheita, superando largamente o volume do ano anterior.

No Brasil, o câmbio continua ajudando, reduzindo o ritmo de queda dos preços locais. O mesmo ficou ao redor de R$ 3,95 por dólar nesta semana com menos dias úteis devido ao feriado de 1º de maio. Com isso, o saco de soja no balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 66,56/saco (perdendo cerca de um real em relação a semana anterior), enquanto os lotes fecharam a semana entre R$ 71,00 e R$ 72,50/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes iniciam maio entre R$ 60,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 75,50 em Campos Novos (SC), passando por R$ 69,50/saco no centro e norte do Paraná; R$ 63,50 em São Gabriel (MS); R$ 63,00 em Goiatuba (GO); R$ 66,50 em Uruçuí (PI) e R$ 64,50/saco em Pedro Afonso (TO).

Além da entrada de uma safra relativamente cheia no Brasil (houve redução de 6 milhões de toneladas aproximadamente em relação ao ano anterior), os prêmios nos portos continuam baixíssimos, puxando os preços. Os mesmos fecharam a presente semana entre menos US$ 0,07 e mais US$ 0,29/bushel. No ano passado, nesta mesma época, em função do crescente litígio comercial entre EUA e China, os mesmos oscilavam entre US$ 0,59 e US$ 1,11/bushel positivos.

Enfim, até o dia 26/04 a colheita da safra de soja no Brasil atingia a 96% da área, contra 94% na média histórica para esta data. No Rio Grande do Sul a mesma estava em 91%, contra 84% na média.
Fonte: Agrolink