A suspensão do tráfego de navios pelo Canal de Suez agravou problemas para companhias marítimas que já enfrentavam interrupções e atrasos no fornecimento de produtos de varejo aos consumidores, disseram fontes do setor.

As transportadoras de contêineres, responsáveis pela movimentação de bens que vão de telefones celulares e produtos de grife a bananas, têm sofrido há meses com interrupções causadas pela pandemia de coronavírus e por um aumento na demanda por produtos de varejo, o que causou amplos gargalos logísticos em todo o mundo.

No mais recente desafio, mais de 30 navios porta-contêineres estão impedidos de navegar após a embarcação Ever Given, de 400 metros, encalhar no Canal de Suez, bloqueando o tráfego pelo local, destacaram as fontes.

Tentativas de liberação do navio encalhado estão sendo realizadas, mas uma das empresas envolvidas nos esforços disse que a operação pode levar semanas.

“Com as cadeias de oferta já sob pressão, um grande navio de contêineres literalmente bloqueou uma das principais rotas do comércio mundial”, disse Joanna Konings, economista sênior do ING. “Enquanto a Autoridade do Canal de Suez trabalha para liberar o canal, o tráfego está aumentando e a falta de insumos vai causar interrupções nas cadeias de abastecimento.”

A suíça MSC, segunda maior transportadora de contêineres do mundo, disse que todas as grandes companhias do setor foram afetadas pelo bloqueio do Canal de Suez.

“Como uma usuária frequente do canal, a MSC está monitorando a situação de perto para atualizações no caso de qualquer plano de contingência de frota ou de rede de serviço ser necessário, e para observar como a circulação de contêineres pode ser afetada em um mercado já desafiador”, disse a empresa em comunicado.

“Os clientes da MSC com carga prevista para transitar no canal nos próximos dias devem se preparar para possíveis mudanças de cronograma”, acrescentou.

Fontes dos setores comercial e marítimo disseram que, dependendo de quanto tempo as interrupções em Suez durarem, o transporte de mercadorias de fabricantes na Ásia para compradores na Europa pode ser ainda mais afetado.

Leon Willems, porta-voz do porto de Rotterdam, o maior da Europa, disse que a demanda por logísticas já havia ultrapassado a capacidade antes mesmo do incidente em Suez. “Todos os portos da Europa vão sentir isso”, afirmou.

(Reportagem adicional de Anthony Deutsch, em Amsterdã, e Lisa Baertlein, em Los Angeles)

Fonte: Reuters